Domingos Soares Oliveira, CEO (nome pomposo e moderno) do SL Benfica proferiu a seguinte frase esta semana num encontro com pessoas que têm necessidades especiais: “O emblema do Benfica está bom para mim, mas não para quem está na China” e ainda rematou (adoro quando se usam analogismos futebolísticos) que “as pessoas dizem que não está a palavra Benfica no emblema” e que “o Presidente não quer mudar, mas que há razões comerciais”.
Antes de mais, é bom dizer que Domingos Soares Oliveira (DSO) tem feito um trabalho em alguns campos meritório. Mas fazer um trabalho meritório não é por si só valor suficiente para, em vários discursos, entrar nas teorias demagogas dos últimos anos em que “não será preciso vender nenhum jogador” ou “que podemos contratar uma estrela por época”, entre outros.
Caro Domingos, o Sport Lisboa e Benfica não precisa dos chineses. A dimensão do clube, e por inerência, da SAD que comanda o futebol é exponencialmente maior do que qualquer país com quase 2 biliões de pessoas. Pessoas essas que olham para o futebol como um simples negócio, ou que mesmo tendo nalguns casos, paixões assolapadas por clubes da Premier League ou da Liga Espanhola, não olham para a Liga Portuguesa com os mesmos olhos, ou preferem acima de tudo, aproveitá-la para os joguetes de apostas online, que proliferam por todo o mundo, mas que aproveitam as ligas de menor dimensão para as lavagens de dinheiro semanais.
A dimensão do Sport Lisboa e Benfica faz com que qualquer equipa de qualquer modalidade que tenha o emblema que agora vossa excelência quer mudar, quando chega a qualquer canto do Mundo (sim, do Mundo!) é rapidamente reconhecido porque a dimensão histórica, os valores e a presença de portugueses pelo Mundo são o melhor vetor de conhecimento e notoriedade que o clube pode ter. E pode ter a certeza que o tem!
Compreendemos que a espiral competitiva de capitalizar a empresa que gere e que tem em mente o faça muitas vezes toldar o pensamento, a lucidez, mas acima de tudo a estratégia que se quer ter para o clube. Mas continuamos sem perceber que o principal capital que o clube pode ter são os seus sócios e adeptos. Ou como é que não conseguimos explicar que onde quer que o Benfica vá e é acolhido pelos seus, ainda não tenha atingido a espetacular marca dos 300 mil associados? Ou que, com tantas viagens ao estrangeiro, em representação do clube, o melhor que se tem para apresentar no Estádio da Luz, aquando dos jogos, são os fogos de artifício típicos da Argentina ou os fumos bacocos da MLS? (que no fundo, são realidades completamente diferentes da nossa).
Porque é que queremos mudar um emblema se continuamos há anos sem respeitar o original? Aproveitámos e colocámos umas estrelas em cima, como representatividade das dezenas de campeonatos que ganhámos, mas e o resto?
Caro Domingos, há coisas mais importantes na dimensão e na estratégia que se quer para o Benfica do que uma simples mudança de símbolo. Bem sei que a campanha tóxica vai começar para que quando a Assembleia Geral do clube for para aprovar, a coisa passe. Mas convém que o senhor se lembre de uma coisa muito importante: o Sport Lisboa e Benfica tem a dimensão que tem, e que muitas vezes vossa excelência despreza, devido à sua História e aos seus Valores. Foi com eles que o clube se ergueu muitas e muitas vezes em 115 anos de história e é neles que os sócios se baseiam.
Se quer mesmo fazer uma estratégia comercial a sério, comece por sair das Tribunas Presidenciais onde vê os jogos e passe pelos Topos, pelas Laterais ou até mesmo pelas Centrais e oiça o que as pessoas (adeptos e sócios) têm para dizer e para falar do clube. E aí sim, poderá deixar os discursos demagogos e falar com algum critério.
Até lá, corrija o símbolo do Glorioso Sport Lisboa e Benfica que tem em falta e aprenda um pouco mais sobre o que é ser benfiquista e o que é que a águia, a roda de ciclismo e o E PLURIBUS UNUM representam!
▶ Texto enviado pelo benfiquista João Silva.
Queres publicar um texto no nosso site? Envia por este formulário.
Comments