Caros benfiquistas, começo este texto com uma promessa: ele não será um exercício de racionalidade. Ele será o que for. Como eu, que sou benfiquista de alma, aconteça o que acontecer. Todos os dias da minha vida.
Porém, não posso deixar de começar esta catarse pós supertaça com um dado sobre a mesma: A supertaça de 2020 foi a vigésima segunda conquistada pelo Porto, contra oito do Benfica.
E se este é um fator que nos deveria fazer corar de vergonha, muitos mais se lhe juntam. O Porto, intervencionado pela UEFA desde 2017, somou ontem a segunda supertaça, títulos aos quais junta, neste período, 2 campeonatos nacionais de futebol e uma taça de Portugal. Em igual espaço temporal, o futebol do Benfica alcançou um título de Campeão Nacional e uma supertaça.
Mas a maioria acha que está tudo bem no clube. Eu não…
Por isso, vou aqui, também, falar nas cinco modalidades de pavilhão mais representativas, e no seu estado atual, balizado, também, pelo ano de 2017, grosso modo.
O Futsal ganhou três taças da Liga, uma taça de Portugal e um campeonato desde aí. Neste período, viu o rival Sporting conquistar duas taças de Portugal e uma Champions League, sendo que a última conquista do título de campeão (2019) permitiu ao Benfica evitar a tetra campeonato leonino.
Mas a maioria acha que está tudo bem no clube.
Passemos ao hóquei. Modalidade que o nosso presidente se lembrou que existia, no passado 13 de dezembro, após vitória na recém-criada taça 1947, uma espécie de taça da liga do hóquei. Sucede que, até ao último 13 de dezembro, o mais recente título desta modalidade, na qual se sagrou campeã, tem data de 2016. E, entretanto, em 2019, o Sporting foi, à semelhança do futsal, campeão europeu da modalidade.
Mas a maioria acha que está tudo bem no clube.
E o andebol? O andebol tem dois títulos nos últimos doze anos. Um campeonato nacional em 2008 e uma taça de Portugal em 2018.
Mas a maioria acha que está tudo bem no clube.
O voleibol do clube é, infelizmente, um oásis. A prova de que se podem fazer bem as coisas. O título nacional, nos anos mais recentes, fugiu apenas em 2018. De então para cá, o pecúlio do Benfica tem sido um imaculado percurso de conquistas. Prova de competência de uma secção que sabe o que faz, mesmo tendo menos recursos que outras, dentro do clube.
E com isto chego ao basquetebol, que tem Carlos Lisboa como figura central. Ora diretor da modalidade, ora treinador, ora ambos. Por isso, é uma secção especial, com um orçamento “especial” e que, embora desde 2017 tenha um campeonato nacional, uma taça de Portugal, uma supertaça e duas taças da liga, conseguiu perder os dois campeonatos mais recentes para a Oliveirense. Este ano, conta já com duas humilhantes derrotas frente a Sporting e Porto.
Perante este cenário, o que fará o senador treinador Lisboa? Com o poder e influência do diretor Lisboa, o treinador com o mesmo nome, Ser Omnipresente, dispensará, para já, dois reforços recém-contratados, substituindo-os por outros tantos, mais onerosos para o clube, na esperança de que possam, sozinhos, esconder as fragilidades de um basquete paupérrimo.
Estão a ver um Jesus, mas com óculos? É mais ou menos isto.
Mas a maioria acha que está tudo bem no clube.
A maioria que anda, há anos, a festejar resultados financeiros positivos consecutivos. A maioria que comemora vendas de jogadores por valores recorde. A maioria que se acomodou a prestações europeias miseráveis que minimizam, a cada ano, o nome de um clube histórico que já foi lendário. A maioria que idolatra ídolos do passado que são obstáculos ao sucesso do presente. A maioria que se esqueceu da história, daquilo que nos tornou grandes, diferentes e, por isso, vencedores.
Essa maioria que me desculpe, mas, enquanto eu tiver memória, enquanto eu souber da história, jamais farei parte dela.
O meu Benfica não pode ser uma aspiração secular. O meu Benfica nasceu com um desígnio secular que não pode morrer. O desígnio de vencer!
▶ Texto enviado pelo benfiquista Gonçalo Mendes.
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