À medida que a data escolhida para as eleições dos órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica se aproxima, mais e mais se partilham ideias, ideais e posições. Se o fizeres de forma construtiva, de forma a mostrares o teu modelo mental e como chegaste às conclusões que chegaste, e com abertura a receber o mesmo, é algo altamente saudável e que ajuda a que se chegue às melhores decisões.
Se sentes que pertences a este grupo, dou-te os meus parabéns. Num contexto altamente emocional - quem de nós acredita que falar de Benfica não desperta tudo o que é emoções - é importante nestas alturas cruciais, onde o futuro do clube assenta, podermos partilhar ideias e podermos desafiar diferentes narrativas e, mais importante ainda, deixar que o nosso modelo mental seja desafiado.
Por esta razão e depois de o fazer no meu círculo de amigos e conhecidos, faço-o aqui mais “publicamente” com esse mesmo propósito. Faço questão de deixar bem vincado já de início que de forma alguma este texto quer pôr em causa as pessoas, as ideias e os princípios de quem não concordar com o mesmo. Se há valor que irei invocar ao longo do texto é “Respeito” e não me permito ser hipócrita em relação a esse mesmo valor.
Independentemente de quem é o projecto no qual votarás, investe o teu tempo e esforço para que dia 28 o teu voto seja registrado e contabilizado para um acto eleitoral democrático e justo.
Há 3 grandes vectores nestas eleições:
O trabalho de Luís Filipe Vieira, o actual Presidente e no cargo há 17 anos;
Qual é a base comparativa entre os diversos candidatos;
Qual se destaca, porquê e assim justificando o candidato que terá o meu voto;
Antes de abordar estes três vectores, vou deixar desde já claro que uma dos primeiras decisões que tomei foi não votar em Luís Filipe Vieira, independentemente dos seus oponentes. E começo por este tema exactamente porque o driver da mudança é exactamente o presente e passado. Portanto, falar inicialmente do Presidente em funções há 17 anos é imperativo na narrativa que explica a minha vontade de mudança. Será sustentada posteriormente pelos factos que me levam a uma mudança concreta e não só a uma vontade de mudança “genérica”.
Luís Filipe Vieira - o actual Presidente
O actual Presidente do Sport Lisboa e Benfica parte como candidato e com alguma vantagem. Afinal, tem 17 anos de presidência e muito para contar. Ter trabalho feito é sempre uma vantagem argumentativa sobre aqueles que pouco ou nada têm para contar. Na verdade, dois candidatos oponentes têm histórico como vice-presidentes mas nada como 17 anos de presidência.
Em 17 anos há muita história. Numa altura em que a memória se torna curta com tanta informação e acontecimentos a decorrer, é preciso relembrar que houve um largo caminho corrido pela direcção do Sport Lisboa e Benfica durante estes 17 anos para a recuperação do prestígio e fulgor financeiro para que o clube tivesse condições de voltar ao domínio que o caracterizou durante muitas décadas das suas histórias. Estádio, Academia, Retorno aos títulos nacionais depois de muitos anos de seca, e valorização da marca Benfica. Estes são aspectos que são, se o leitor me permitir esta expressão, factuais. Mais do que opinativos, factuais.
Ao mesmo tempo, e sobretudo nas alturas em que muitos destes vectores estão completamente estáveis, pode-se analisar outros aspectos que são também mais do válidos para se avaliar um determinado recurso para o bem do Sport Lisboa e Benfica - sim, o presidente é um recurso a trabalhar para o clube, que é o que realmente importa.
Vou-me debruçar, muito ao de leve porque não quero tornar o artigo demasiado extenso e desinteressante, sobre os seguintes pontos:
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Ambição desportiva
Respeito
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O actual presidente do Sport Lisboa e Benfica sempre escolheu ser um presidente não remunerado. Embora sempre tenha recebido este ponto com estranheza, dada a grandeza do clube e o quão time-consuming deve ser a função, mas é algo a que não me debruçarei. É uma escolha do homem Luís Filipe Vieira a qual não me oponho fortemente à partida.
No entanto, é importante perceber que um presidente de uma instituição desta magnitude terá todas as suas acções vistas à lupa e todos os seus resultados imputados à imagem do clube. Quando se fala em Operação Lex ou as megalómanas dívidas ao BES e BPN, embora estes sejam temas de índole meramente pessoal - que me opõem a mim, enquanto cidadão contra o cidadão L.F. Vieira - toda a imagem negativa imposta pelos processos é automaticamente imputada ao Sport Lisboa e Benfica. Sobre grandes cargos, grandes méritos mas sobretudo grandes RESPONSABILIDADES.
Ao Sport Lisboa e Benfica é exigida a mais alta exigência a nível ético e moral. Chamem-me maluco, mas se os outros ganham na “ilegalidade” isso não dá legitimidade ao nosso clube de subverter tudo aquilo que o criou e o fez crescer durante mais de 100 anos de história. Se há algo que deve ser inegociável são os valores. Fui assim criado e assim irei para debaixo da terra. Não há nada que seja mais inegociável que os valores e “nome” do Benfica.
Ambição Desportiva
Embora ao longo dos anos dos primeiros anos de mandato de L.F. Vieira se tenha visto um crescimento de qualidade de plantel e futebol no Benfica, existe sempre um sombra de “instabilidade financeira” que sempre foi dando margem ao presidente de nem sempre ter o melhor que o Benfica merecia mas o melhor que o Benfica aparentava poder ter. E aqui não há muito que se possa apontar em factos e de forma objectiva.
A partir do momento onde se denota alguma estabilidade, fruto de alguns títulos conquistados e um crescendo da marca Benfica, há um momento de claro desinvestimento na equipa. E neste ponto, é muito importante ser claro: uma maior aposta na academia não significa desinvestimento. Significa apenas uma gestão mais inteligente, identificando as áreas onde a academia providência dos melhores valores a nível mundial e as áreas onde o clube claramente necessita de ir buscar talento “fora de portas”. No momento onde o Presidente deixa de ter tanta margem de “insucesso desportivo” e onde há muito melhores condições para ser fácil ter esse sucesso desportivo, é onde o atual presidente falhou. Falhou redondamente, falhou de forma crucial e falhou em todos os aspectos possíveis. Seja no reforço do plantel, seja na escolha de treinadores ou na gestão dos mesmos (ninguém se esquece da “Luz” que se lhe deu, nem ninguém se esquecerá que Jorge Jesus foi negociado ainda com Bruno Lage como treinador). Falhou no envolvimento dos homens do futebol (onde anda Rui Costa, e qual é o seu papel - das maiores incógnitas dos mandatos de L.F. Vieira).
Penso que nesta fase Luís Filipe Vieira falhou enquanto presidente. Enquanto elemento aglutinador e líder dos diferentes líderes das áreas do clube: financeira, desportiva, etc. Não sendo um especialista em nenhuma delas - o que não é a função do presidente - não conseguiu manter a linha guiadora de um clube desportivo: o sucesso dentro de todas as modalidades que compete, sobretudo aquelas que mais definem o clube como é o caso do futebol. Comparações com outros períodos - o chamado “Vietname” do Benfica - é uma narrativa fácil e completamente subjectiva de um sucesso que foi em muito parco para as condições que o Benfica possuía e possui. Ser melhor não significa ser bom. O que L.F. Vieira fez foi melhor, mas não foi bom. Se um presidente tem algum sucesso em criar as condições para o sucesso desportivo mas depois falha nesse mesmo sucesso desportivo sobretudo por constantes mudanças de visão e linha guiadora, então no final das contas acaba por falhar enquanto presidente. Um construtor que construa umas grandes e sólidas fundações de uma casa mas que deixe as paredes e o telhado a cair, é um bom construtor?
Respeito
Por último o ponto que para mim é o mais grave. Luís Filipe Vieira não respeitou o Sport Lisboa e Benfica e já demonstrou achar-se maior que o mesmo.
Falemos da OPA onde colocou o clube, Sport Lisboa e Benfica, a pagar quase o dobro da valorização à data das acções, onde o clube já detinha total controlo sobre a SAD e onde adjectivou como “o melhor negócio de sempre” um negócio onde os únicos beneficiários seriam amigos e “sócios” (peço desculpa pela imprecisão, sócios da sua esposa).
Falemos também da Fraude de 1.8 Milhões das contas do clube para pagamento de serviços, estes nunca efectivamente feitos.
Falemos da agressão ao sócio que teve a grandeza de expressar a sua frustração e opinião durante uma assembleia geral do clube, espaço para o qual o Sport Lisboa e Benfica deixou sempre claro durante toda a sua história que seria um espaço seguro para que com respeito os sócios possam apresentar as suas ideias, frustrações e ambições em relação ao clube e a quem o lidera. Afinal, são os donos do clube a dar a sua opinião.
Em qualquer uma destas situações e em tantas outras, Luís Filipe Vieira demonstrou que o nome “Sport Lisboa e Benfica” pouco lhe interessa. Nunca se dedicou a dar uma única explicação, porque não encontrou necessidade. Porque seria algo altamente invulgar um funcionário do Sport Lisboa e Benfica prestar declarações e justificações sobre os seus donos, os sócios. Porque seria anormal um ser humano explicar erros de gestão e erros de decisão a outros seres humanos interessados.
Luís Filipe Vieira demonstrou ao longo do tempo porquê. A dívida de gratidão a um “Messias” (no pun intended com o meu nome) e a refundação de um clube centenário mostram um sentimento “de poder divino” de alguém que embarcou numa realidade paralela onde se perdeu perspectiva, objetividade e visão orientada ao objetivo final: sucesso desportivo.
O universo benfiquista e o benfiquismo foi criado há muitas décadas, bem antes de eu ter nascido, com valores e princípios muito concretos. Estes são para se cumprir. Repito, não “devem” ser cumpridos, mas têm de ser cumpridos. E depois de toda a margem dada para um ser humano cometer os seus erros, perceber os mesmos e corrigi-los (espaço este já dado e estendido para Luís Filipe Vieira), esse ser humano deve ser sujeito às consequências de não encaixar com os requisitos obrigatórios impostos pelo universo onde se inseriu.
Uma vez cobertas as razões pelas quais acho imperativo haver mudança, é importante mencionar o que me deu esperança num Benfica à Benfica.
Os Candidatos
Não vou debruçar-me em grande detalhe sobre este tema, comparando cada candidato com todos os outros. Importante mencionar é a linha guiadora que, na minha opinião, criou uma mais que clara distinção entre os candidatos:
Aqueles que se focaram no Benfica e nos Benfiquistas, que de Sul a Norte quiseram perceber quais são as maiores frustrações e que quiseram apresentar uma visão orientada ao clube, à sua história, aos seus valores e às suas ambições.
Aqueles que falaram de Benfica várias vezes mas que demonstraram consistentemente uma linha guiadora neles próprios, no “candidato” e não no Benfica e que abraçaram uma linha forte de agressão eleitoral, quando alguns acontecimentos não decorrem segundo o que os mesmos esperavam. Estes, fazem-me crer os comportamentos, que seriam uma extensão dos comportamentos do actual presidente a nível de foco e ambição desportiva mudando a pessoa responsável pelos mesmos.
No entanto, devo endereçar o meu agradecimento e parabenização a todos os candidatos pelo trabalho feito, investimento pessoal e financeiro e pelas ideias que trouxeram para cima da mesa. O futuro é de ouro quando há alternativa, quando há ideias diferentes, quando há debate e quando há por onde escolher o melhor para o clube.
O Candidato, Os Líderes para um Benfica à Benfica
Votarei no projecto “A Glória é Agora” liderado por João Noronha Lopes, sócio nº 5001.
João Noronha Lopes, bem como os constituintes da sua lista, comprometeram-se e quiseram durante toda a campanha a conectar-se com aquilo que eles próprios o são: os aficionados, os sócios, aqueles que vivem emocionalmente o clube em regime 24x7.
Trouxeram ideias orientadas a uma visão, uma linha guiadora que tinha como ponto nuclear o clube, a instituição Sport Lisboa e Benfica bem como os seus valores e história.
João Noronha Lopes foi consistente e coerente em como construiu o programa e a lista do projecto que encabeça: a junção com o movimento “Servir o Benfica” foi uma demonstração clara de como dois projectos com ideologias semelhantes se propõe a trabalhar juntos. Abertura a ideias construtivas, mas firmeza na defesa dos direitos e valores do clube - daí não terem resultados outras junções que poderiam “dar jeito em eleições” mas que pouco ou nenhum sentido fariam a nível ideológico.
O Benfica precisa de alguém com capacidades de liderança inabaláveis e reconhecidas (estamos a falar de um vencedor de prémios de liderança), alguém que consiga unir todos génios ao serviço do Benfica em cada área que uma instituição dessa magnitude envolve. A lista do projecto “A Glória é Agora” tem exactamente estas capacidades e comprometeu-se a trabalhar juntamente com todos aqueles que já pertencem aos quadros do clube e que muito têm feito pelo mesmo. Em conjunto seremos melhores. Se há algo factual e reconhecido nacionalmente e internacionalmente é a capacidade de liderança da cabeça deste projecto e todos os constituintes da sua lista. E, durante a minha pesquisa e estudo para decisão, percebi que este foi um factor muito importante para eu levar este projecto muito mais a sério e perceber que a viabilidade do mesmo é muito forte.
Eu, enquanto sócio do Sport Lisboa e Benfica, quero um presidente que assume um projecto com medidas que beneficiem o clube e se foquem nestes mesmos benefícios.
Eu, enquanto sócio do Sport Lisboa e Benfica, quero um presidente que olha para clube e não para a função.
Eu, enquanto sócio do Sport Lisboa e Benfica, quero um presidente que prefira títulos desportivos a títulos na imprensa por vendas milionárias.
Eu, enquanto sócio do Sport Lisboa e Benfica, quero um presidente que se preocupe em criar uma experiência inesquecível em todo e qualquer jogo em que um adepto assista no estádio do Sport Lisboa e Benfica.
Eu, enquanto sócio do Sport Lisboa e Benfica, quero um presidente que assegura que a Mesa de Assembleia Geral do clube estará preparada para desafiar e criar as condições para que os sócios tenham mais e melhor controlo sobre os destinos do clube.
Eu, enquanto sócio do Sport Lisboa e Benfica, quero um presidente que reconhece que “o melhor agora” não é bom e que já é mais do que tempo para a verdadeira glória.
Eu, enquanto sócio do Sport Lisboa e Benfica, quero um presidente à BENFICA.
A todos os envolvidos neste projecto, com especial referência ao candidato a presidente do clube João Noronha Lopes, agradeço a total força e investimento feito - tanto a nível pessoal como financeiro - para que possamos ter esperança num Benfica melhor, num Benfica que vá escrever a história contada com orgulho num podcast daqui a 80 anos. Por mim, chega de Benfica à Vieira. Quero um BENFICA À BENFICA. VIVA O BENFICA.
▶ Texto enviado pelo benfiquista Messias Peralta.
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