Depois da derrota no clássico da semana passada e do empate para a taça a meio da semana, o Benfica procurava dar uma resposta positiva, como aconteceu na primeira volta. O teste era contra o Braga, treinado por Rúben Amorim, que se encontrava invencível até ao momento, tendo, inclusive, ganho por duas tanto ao Porto como ao Sporting. Depois do regresso à realidade da semana passada, os adeptos benfiquistas não esperavam nada menos do que uma vitória, num jogo previsto difícil.
O Benfica entrou em campo com o mesmo onze de Famalicão, à exceção da entrada de Weigl para o lugar de Florentino. 60 mil nas bancadas, possivelmente à espera de mais um show de Taarabt, enquanto o marroquino queria mostrar ao Barcelona que o jogador que eles queriam contratar para fazer parceria com Messi estava a titular e não no banco.
O jogo começou bem para o Benfica. Nos primeiros dez minutos, Rafa e Vinícius tiveram ambos oportunidade de alterar o placar. Aos 21 minutos, David Carmo, central adversário, escolheu vestir-se de Pepe para o carnaval. Para treinar o disfarce, varreu Rafa e devia ter levado, na minha opinião, o vermelho direto. A primeira parte foi dominada pelo Benfica com Vinícius estranhamente aseferoado, entenda-se obviamente perdulário, a desperdiçar algumas oportunidades. No último lance da primeira parte, num canto cedido após uma excelente defesa de Odysseas, os homens do Benfica decidiram que era uma excelente altura para ver os highlights de Trae Young da noite passada e deixaram Palhinha cabecear sozinho para o 0-1. No cômputo, o Benfica podia ter ido para o intervalo a vencer com uma vantagem caso tivesse sido eficaz, o que não foi o caso.
Na segunda parte, o cenário inverteu-se. Se no início da segunda metade Vinícius ainda mandou ao poste, a partir dos 60 minutos o poderio ofensivo desapareceu. Curiosamente ou não, Seferovic entrou no minuto 60. O homem de forma triangular com 2 riscas brancas esteve tanto tempo fora do jogo como fora-de-jogo, algo que já é hábito. Raúl Silva deitou-se no chão. Aos 78 minutos o Benfica mostrava precisar de intensidade e de garra, aliado ao critério, por isso entrou André Horta, sob aplauso dos adeptos caseiros. Pena que o outrora-dispensado-porque-o-Filipe-Augusto-tinha-de-jogar tenha entrado para o lugar do irmão, outro benfiquista. Pequeno aparte, volta André e traz o teu irmão. Raúl Silva sentou-se no chão agarrado ao joelho. Aos 85 minutos, entrava Dyyehgu Souzza para o lugar de Tomás Tavares, mostrando que Lage tem fé na fórmula de ensino básico: se um ponta-de-lança marca golos, 3 pontas-de-lança marcam 3 vezes mais golos. O problema é que o futebol vai para além da matemática e se a bola não chegar à área, 3 pontas-de-lança ou 3 Bruno Cortez no ataque farão exatamente a mesma coisa. Raúl Silva sentou-se na área, espero que o árbitro chegasse ao pé dele e que o jogo parasse para se levantar. O resultado não sofreu alterações até ao final e o Benfica não conseguiu salvar qualquer ponto. Salva-se a demonstração de Benfiquismo do albicastrense Andreas Samaris, a mostrar a Raúl Silva que Cosme Damião não criou um clube nas traseiras de uma farmácia para este ser desrespeitado por alguém que conseguiu colocar-se ao nível de Otávio e de Pepe, na tabela dos mais odiados.
A resposta não foi a desejada, mas foi, possivelmente, a esperada, tendo em conta as exibições recentes. A primeira parte não foi má, no entanto, a segunda mostrou uma falta de intensidade, de critério e de criatividade gritante. O Benfica fica agora com uma vantagem de 1 ponto caso o Porto ganhe ao Vitória SC. Acorda Benfica, Acorda Lage. É necessário alterar a equipa. Mete o Jota, o Chiquinho e deixa o Tomás Tavares. Dá uma oportunidade ao Samaris. Quinta-feira há duelo europeu em casa contra o Shakthar Donetsk, treinado pelo português Luís Castro, e segunda-feira há jogo importantíssimo em Barcelos.
PS: Logo após a remontada épica da época transata contra o Barcelona, Trent Alexander-Arnold ficou no campo a dar voltas sozinho. Neste momento, Raúl Silva continua sentado no relvado da Luz a perder tempo.
Notas de jogadores:
Odysseas: 8
Foi a par de Taarabt o melhor do Benfica. Fez um par de defesas de grande nível e outras muito boa.
Tomás Tavares: 5
Não fez a melhor exibição de águia ao peito mas cumpriu. Não foi pelo lado dele que o perigo bracarense foi criado. Já ganhou o lugar.
Rúben: 6
Foi o melhor elemento da linha defensiva. Aparenta estar mais maduro.
Ferro: 5
Vê-se que está sem confiança. Mantenho a minha confiança em Ferro, tem características raríssimas em defesas-centrais e muito valorizadas no futebol atual.
Grimaldo: 2
Grimaldo Grimaldo... Não me quero parafrasear. Não evolui, regride a cada jogo. Volta Elideus!
Weigl: 6
Fez uma exibição sólida, arriscou mais, e bem, nos passes.
Taarabt: 8
Foi, mais uma vez, o desequilibrador de serviço. Está em grande forma mas suspeito que não seja forma. Acho mesmo que é classe
Cervi: 4
Não tem qualidade para o Benfica. É esforçado mas decide muito mal e estraga vários ataques. Saiu aos 60 minutos. Entra Jota
Pizzi: 3
Tinha sido anunciado no onze...
Rafa: 4
Espero que tenha jogado com colete à prova de bala. Sofreu faltas o jogo todo. Não fez uma boa exibição.
Vinicius: 5
Falhou oportunidades que não costuma falhar. Foi o espelho da equipa, não conseguiu marcar e desapareceu a partir dos 60.
Seferovic: 2
Sai o Mitroglou, fica o Seferovic. Sai o Jiménez, fica o Seferovic. Sai o Raúl de Tomás, fica o Seferovic. Era só isto.
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