Aviso desde já que esta crónica estará repleta de frustração. O colete continua a levar tiros e parece já não ser à prova de bala. Hoje, mais uma vez, uma exibição desastrosa perante um Saara de ideias onde parece não haver nenhum oásis. Talvez o penalti seja o mais próximo de um oásis, pois é o momento em que o Benfica entra melhor na área, apesar de nem conseguir rematar à baliza.
O Benfica entrou em campo o mesmo onze do último jogo à exceção da inclusão de Cervi no lugar de Rafa e de Chiquinho no lugar de Weigl, descendo Taarabt no terreno. As alterações pareceram alterações de bancada, de Football Manager. O intuito? Não se percebeu muito bem mas como o Zé Manel do café diz que "o Cervi é muito rápido" e que "o alemão não presta", altera-se o mais fácil. Talvez fosse para descansar os jogadores para a próxima da Liga Europa, contra as outras três equipas português. O Vitória, por sua vez, comandado por Julio Velázquez, entrava em campo com o Big Show a ponta-de-lança e o amigo do Ronaldo a médio defensivo. E o Sílvio, que se estivesse no Benfica era o nosso melhor lateral. Por esta análise, percebe-se a qualidade da equipa setubalense.
A primeira parte foi fraca. Era algo previsível tendo em conta o que vinha a ser demonstrado. Tivemos mais remates do que o adversário mas há que ser franco, a oportunidade do Vitória foi mais perigosa do que as que criámos. Mais uma vez, faltou ao Benfica fio de jogo, organização ofensiva e soluções. Esta semana, um dos treinadores do Shakhtar, que nos eliminou da Liga Europa na semana passada, questionou-se nas suas redes sociais sobre o porquê de se investir no cruzamento, algo que tem uma taxa de sucesso bastante reduzida. Para ilustrar isto, uma tabela dos cruzamentos feitos pelo Benfica nos últimos 10 jogos. O Benfica tenta cerca de 30 cruzamentos por jogo, tendo uma taxa de eficácia de cerca de 20% nos cruzamentos. E é a ferramenta mais usada pelo Benfica para tentar chegar ao golo. Hoje, por exemplo, o Benfica, só na primeira parte, fez 13 cruzamentos, acertando apenas 3. É um espelho do Benfica atual, algo que, apesar de ter um sucesso quase nulo, é explorado (apesar de não haver nada a explorar) até à exaustão. É um problema claro da equipa e, se Lage identifica os problemas tão bem, porque não os corrige?
A segunda parte começou como temíamos, com um golo do Vitória. Excelente jogada coletiva dos sadinos que terminaria com a defesa encarnada totalmente desposicionada, culminando assim no golo setubalense. O Benfica respondeu imediatamente, passado 3', o amigo do Ronaldo agrediu Rúben Dias permitindo ao Benfica chegar ao empate através da sua melhor jogada, o penalti. Pizzi, pasme-se, convertiria o penalti. Ao longo da segunda parte, o anteriormente apagado Taarabt foi crescendo, sendo ele, como em todos os jogos, a tomar a iniciativa de levar a bola para a frente. Aos 56', uma grande arrancada do marroquino daria golo de Vinícius, mas seria anulado por adiantamento do brasileiro. No minuto seguinte, Chiquinho daria lugar a Rafa. Curiosamente ou não, desde a saída de Chiquinho que o Benfica não voltou a criar perigo até ao minuto 72, momento em que Cervi e Samaris deram lugar a Weigl e Dyego Sousa. Lage mal a gastar as três substituições sem colocar em campo Dani Olmo ou Bruno Guimarães... 3 minutos depois, outro penalti para o Benfica. Responsabilidade outra vez para Pizzi que, tal como no último jogo, voltou a não acertar na baliza. Na liga portuguesa a taxa de acerto média de um penalti é de 72%. Nos dois últimos jogos Pizzi teve uma taxa de eficácia de 25%. Não vejo os treinos mas não me digam que o Pizzi no treino não falha. Não será, porventura, hora de trocar o marcador de penaltis? O Benfica teria mais uma dupla de oportunidades mas o resultado não se alteraria, ficando assim em 1-1.
A culpa do resultado? De certeza que foi de Weigl. O Benfica passa então a contar com 1 vitória nos últimos 8 jogos e caso o Porto vencesse o Rio Ave, ficava a 4 pontos dos dragões e praticamente hipotecava o campeonato. Horas mais tarde, o Porto empatou frente aos vilacondenses, o que nos dá algum alento e uma réstia de esperança. Tal como o Benfica, o Porto mostrou uma qualidade futebolística nula, o que coloca os dragões vulneráveis à perda de pontos. Estamos a 1 ponto, que acabam por ser 2 dado o confronto direto, da liderança. É altura de união benfiquista. Não na bancada, essa está sempre unida a puxar pelo Benfica em todos os campos. É preciso união em campo, que os jogadores percebam que têm de dar tudo pela camisola e que se eles não acreditarem na conquista do campeonato, mais ninguém acreditará. Acho que o Porto perderá pontos até ao penalti do campeonato, o que nos coloca somente dependente de nós. Talvez por facciosismo, acredito que não percamos mais pontos até ao final do campeonato e vejo-nos campeões.
Notas individuais:
Odysseas: 6
Defendeu o que era possível defender. Nunca tem culpa nos golos e se estamos a disputar o campeonato é muito graças a ele.
Tomás Tavares: 6
Talvez tenha sido o único mas eu gostei da segunda parte do hoje aniversariante. Na primeira parte esteve apagado, no entanto na segunda acho que esteve bastante bem, pecando apenas no cruzamento. Sobre os cruzamentos a análise já foi feita previamente no texto. Fez um excelente corte entre outras recuperações de bola. Preparem-se para mais uma semana a ser insultado nas redes sociais, um miúdo que realizou 3 jogos na equipa B.
Rúben: 6
Seguro na defesa, parece ser dos poucos que dá sempre tudo pela camisola e que quer mesmo ser campeão.
Ferro: 6
Aponto as culpas do golo do Vitória aos dois centrais, estão os dois mal posicionados. Coincidentemente ou não, as "melhores" exibições de Grimaldo são as mesmas de Ferro. É porque é Ferro quem faz na realidade a posição de lateral-esquerdo. Quando a faz bem, Grimaldo tem maior protagonismo e consegue subir mais no terreno.
Grimaldo: 5
Ferro está diretamente ligado à exibição de Grimaldo, como explicado anteriormente. Esteve bem na segunda parte a pressionar e recuperou um par de bolas, ganhando também o penalti. Quando teve de defender é que coiso...
Samaris: 5
Esteve algo apagado. Parece estar a recuperar aos poucos o ritmo de jogo.
Taarabt: 7
O único que leva o jogo para a frente. Frase utilizada nas últimas crónicas. Infelizmente, penso que assim continuará. Na segunda parte, subiu muito de rendimento.
Cervi: 3
O Sílvio é bom não é? Porque será?
Pizzi: 3
Onde se arranja o Redpass Pizzi? A comparar com o meu lugar na bancada, sempre se via melhor o jogo.
Chiquinho: 5
Esteve um pouco apagado, fez um remate bom e o seu trabalho nao é visto pelos adeptos. Não é por não tocar tanto na bola que Chiquinho não faz um bom jogo. Não acho que tenha feito um mau jogo, saiu aos 55' porque é "o mais fácil de tirar de campo"
Vinícius: 5
Não tem sido servido pela equipa e faz os possíveis para ter bola. Tem estado apagado porque o processo ofensivo da equipa tornou-se inexistente.
Rafa: 4
Acrescentou muito pouco ao jogo, continua a pecar muito na decisão e a não ter a capacidade necessária para executar o último passe.
Weigl: 6
Teve a função de ficar atrás no terreno, ajudando na construção e permitindo a Taarabt subir sem consequências. De certeza que o alemão terá tido culpas no empate porque "custou 20M" ou porque "só faz passes para o lado". A verdade é que tem lugar no onze. Não se aprendeu à primeira com o Raúl de Tomás.
Dyego Sousa: 6
Gostei da entrada dele. Entrou como extremo esquerdo e demonstrou vontade, não se
escondendo do jogo. Pode ser importante no que resta do campeonato.
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