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Naturalmente

▶ Texto enviado pelo benfiquista Guilherme Vaz


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NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.

Em período pré-eleitoral e na ressaca de mais uma época onde os objectivos não serão cumpridos - do futebol às modalidades - e numa altura em que é apresentado o plano de actividades e orçamento para a época que se segue, exige-se a reflexão de todos acerca dos resultados obtidos, das suas causas, das suas razões de ser.


Esta época, como as anteriores, foi marcada pelos problemas de sempre - falhas no planeamento, incompetência na gestão, impotência e ausência nos espaços de discussão e gestão do Futebol Português (onde o Benfica, pela dimensão que tem no panorama desportivo nacional, tem que assumir responsabilidades, com uma postura interventiva, assertiva, coerente, independente, defendendo os seus interesses, mas, acima de tudo, os interesses do desporto português), desperdício de recursos financeiros e indícios perigosos neste âmbito de gestão, entre outros aspectos.


São elementos que se podem transportar, com maior ou menor expressão, para muitas - se não todas - das secções, ainda que existam algumas cujas competições ainda não findaram, e que esperemos que terminem com títulos. Mas aquilo que quero destacar é que os benfiquistas têm que alargar o seu campo de análise além do insucesso desportivo e, até, além de alguns dos aspectos que já referi.


O ponto é o seguinte - exigem-se, no meu entendimento, que dois processos colectivos se desenvolvam o quanto antes: é preciso construir a memória colectiva do que é o Vieirismo, daquilo que tem feito ao Benfica, de que impactos teve e tem; é preciso compreender - e feito o anterior processo, será mais fácil fazer isto - que as causas da crise permanente que o Benfica vive vão muito além das 4 linhas, da competência ou incompetência, da qualidade ou falta dela de muitos jogadores, treinadores ou dirigentes - mais que isso, as dificuldades no plano desportivo são consequência de uma falência estrutural e de valores que precisa de ser resolvida urgentemente, coisa que só os sócios podem fazer.


Construir a memória do que foi e é o Vieirismo e daquilo que ele representa na vida colectiva do Benfica é uma condição indispensável para o exercício de reflexão a que devem estar acometidos todos os sócios e, naturalmente, para quem quer que queira destronar Rui Costa e a sua herança. 


Essa exigência coloca-se porque há tanta coisa que vamos esquecendo (de tão alucinante que é o ritmo a que acontecem coisas absolutamente surreais neste clube) que podemos cair na tentação de continuar a discutir a espuma dos dias, o jogador que vem, o treinador que sai ou fica, quando aquilo que importa discutir é muito mais que isso - é sobre que Benfica queremos construir.


Já nos passou da memória o texto no jornal do Benfica que dizia que não tínhamos sido campeões por causa do Lask Linz, as eleições de 2020, o aperto de pescoço de Vieira a um sócio, a auditoria lançada no ano passado e aquilo que ela contém, os comunicados que saem sempre prontamente para defender a Direcção mas que demoram a sair quando se trata dos interesses do clube, os muito episódios tristes dentro do Andebol, a saga Luís Mendes, dezenas de contratações ao lado e muitos talentos desperdiçados, entre muitos muitos muitos outros episódios.


Construir esta memória identifica uma linha condutora - o Vieirismo, a que Rui Costa deu continuidade com toques de cosmética (cujo efeito durou muito pouco), é mais que o insucesso e falhanço, é o chão que cria as condições da sua normalização, que inverteu o espírito ganhador, humilde e honesto do clube. 


É o desprezo pela massa associativa - visível nas AGs (saudando-se ainda assim o comportamento do actual PMAG, uma grande excepção à regra!) - mas, até mais que isso, é a sua redução à condição de uma clientela premium, desprezando a participação activa de todos. É a normalização do fracasso, a capacidade de fazer do contexto justificação por si, a substituição da ambição por algo mais por um conformismo que disfarça a incapacidade de chegar mais longe. 


Mas o principal aspecto do Vieirismo, o único que possibilita que se explique o estado a que chegámos, é a normalização do bizarro e do absurdo. Só isso explica que alguém que esteve numa estrutura que lesou o Benfica tenha decidido candidatar-se e só isso explica a percentagem obtida por Rui Costa nas últimas eleições. Só isso explica que Rui Costa se recandidate (algo que é certo, e que o último comunicado, puramente eleitoralista, veio confirmar), e não falo das eleições de 2020 porque continuo convencido de que foi JNL que as venceu. Só isso explica a normalização de tantos e tantos comportamentos.


São estes os traços que conduzem à gestão amadora, aos erros óbvios, ao rol de decisões bizarras, sem nexo, muitas delas dentro das fronteiras do campo do óbvio, que vão permeando todas as vertentes de um clube centenário, místico e glorioso.


Posta esta urgência - que podia e devia ser alvo de muitos textos, reflexões, opiniões e debates no seio dos benfiquistas - não tenho dúvidas que, seja com que candidato for e venha ele com que equipa vier, poremos a cabeça fora de água. 


Naturalmente, sem Rui Costa e companhia.

 
 
 

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