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O Benfica do António: Entre a Inocência e a Desilusão

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▶ Texto enviado pelo benfiquista Bernardo Quialheiro.


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NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.



No último domingo, no dérbi contra o Sporting, conheci o António. Não deve ter mais de 8 anos, mas já carrega um fardo pesado para quem tão pouco tempo teve para sonhar. O António estava inconsolável. Chorava pelo resultado e pelas provocações dos adeptos adversários, mas chorava, sobretudo, por um sentimento que poucos adultos conseguem traduzir: a tristeza de ver o clube que ama ser pequeno quando deveria ser gigante.


Aproximei-me para o confortar. Disse-lhe que o Benfica ainda lhe daria muitas alegrias, que um dia voltaria a sorrir com as vitórias do clube. Mas não estava preparado para a resposta dele: “Pois, mas ultimamente não tenho visto muitas.”


Fiquei sem palavras. Ali, naquele momento, percebi que o António simbolizava algo maior do que o desalento de um jogo perdido. Ele simbolizava uma geração inteira de benfiquistas que cresceu sem referências de glória, apenas com recordações de promessas quebradas e sonhos desfeitos. 

Eu tenho 21 anos. Vi o Benfica regressar a finais europeias, algo que não acontecia desde 1990. Assisti à conquista de 7 campeonatos nacionais e outros títulos. Mas mesmo assim, já vivi mais desilusões do que esperava. Já vi mais enxovalhos do que motivos para orgulho.


Agora imaginem o António. Na sua curta vida, terá festejado, no máximo, 1 ou 2 campeonatos. No resto do tempo, viu um Benfica frágil em campo e ainda mais vulnerável fora dele. Viu um clube atolado em processos judiciais, suspeitas de corrupção, tráfico de influências e má gestão. Um Benfica que trocou a grandeza por subterfúgios e conluios.


O António conhece um Benfica manchado. Um Benfica que sai nos jornais pelas piores razões, onde se fala de manipulação de resultados, acordos obscuros e práticas que ferem o nome de um clube que já foi sinónimo de ética e grandeza. E o pior é que ele já normalizou essa imagem. Cresceu a acreditar que este é o Benfica.


Uma auditoria recente expôs aquilo que muitos já temiam: um clube que se desviou dos seus princípios, que perdeu a liderança moral e desportiva, e que hoje sobrevive mais pelo nome do que pelo mérito. E é este o Benfica que estamos a legar ao António e a tantos outros miúdos como ele.

E, no entanto, o António merece mais. Merece um Benfica que inspire sonhos, não desculpas. Merece vibrar com finais europeias e festejar campeonatos, não crescer habituado à mediocridade e aos escândalos. Merece sentir orgulho no emblema que escolheu amar.


Mas a responsabilidade não é só dos dirigentes. É nossa. Nós, adeptos e sócios, temos de ser mais exigentes. Temos de abandonar a apatia e levantar a voz contra quem usa o Benfica como trampolim pessoal. Temos de exigir transparência, competência e dignidade.


O António merece crescer a acreditar que o Benfica é tão grande quanto a história diz que é. E se não o fizermos por nós, que já conhecemos um passado melhor, temos de o fazer por ele. 

Porque o Benfica não pode ser apenas uma memória distante de glória. O Benfica tem de voltar a ser aquilo que sempre prometeu ser: o maior clube de Portugal.


E isso não é um pedido — é uma obrigação.


2 comentários

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2 comentários


Convidado:
05 de jan.

Eu apenas gostaria que os benfiquistas pensem nisto, na década de 80 o Benfica ganhou mais taças de Portugal, de que de 1990 até hoje.

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jc
04 de jan.

tudo verdade mas depois existem uns idiotas que nem uteis são que acham que o mal do clube são os exigentes e o clube não tem mais sucesso por culpa deles.

alias para estes idiotas as decisões das direções não são todas uma maravilha e não resultam todas porque existem os exigentes.

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