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O fim de um rumor sobre hegemonia

A recente hegemonia do Sport Lisboa e Benfica no futebol em Portugal tem como efeito colateral um estreitar de laços entre verdes e azuis, levando às campanhas comunicacionais mais sujas de que tenho memória desde que comecei a gostar de futebol, no início dos anos 90.


Contextualizando, vivemos na era da comunicação. Tudo acontece demasiado rápido, as pessoas apenas lêem títulos, os media têm como principal objectivo serem os primeiros a publicar no sentido de obter a melhor audiência. A verdade deixou de ser importante, criando-se o ambiente perfeito para a calúnia e desinformação (ver link com sucinto e assertivo discurso de Denzel Washington).

Aproveitando esta realidade da MDCSDQT (by Guachos Vermelhos), em 2015 e já com um bicampeonato no "bucho", veio um badocha acusar-nos de alimentarmos outros (a cerveja, bitoques e pack Eusébio) em troca de altos favores desportivos. Essa acusação demorou cerca de 3 anos a ser esclarecida, com todos os efeitos negativos para a imagem do clube que daí vieram.

Independentemente disso, o Benfica continuou a ganhar. Tri, Tetra...e o pânico tomou os clubes azul e verde. Laços estreitados numa famosa reunião no final da época do tetra (16/17) e eis que começa o chorrilho dos emails. Era urgente manter o nome do Glorioso na lama, onde com a sua experiência nos poderiam derrotar. O ruído em volta dos emails terá sido mal gerido pela Direcção do SLB, acabando por ter o impacto desejado pela aliança: a não-conquista do Penta.

Continuaram a chover casos a envolver o SLB e a figura do seu Presidente, que uns atrás dos outros têm conhecido o mesmo fim favorável ao nosso clube. Porém, o objectivo principal da aliança foi alcançado, manchando o nome do SLB e associando-o a práticas mais comuns no norte do país. Apesar de todo este "terrorismo comunicacional" (by Jaime Antunes) e denúncias anónimas com aliados de peso, o Benfica continuou a ganhar internamente. Enumerando: 5 Ligas, 2 Taças de Portugal, 3 Taças da Liga e 4 Supertaças. Em 24 títulos possíveis, 14 para Benfica, 5 para SCP e 2 para FCP. Claramente a estratégia comunicacional precisava de um novo argumento.

E eis que surge o "benfiquistão" (by José Pina), consubstanciado pelo Porto Canal na pessoa execrável que o Vasco Mendonça muito bem descreveu como cancro do futebol português. Incapazes de analisar as razões da actual situação decrépita dos seus clubes, "paineleiros" verdes e azuis foram passando a ideia (num OctávioMachadês fluente) que existiam forças ocultas do Benfica que permitiam à equipa continuar a ganhar. (ver exemplo de tweet abaixo)

Com uma paupérrima situação financeira, escasso número de títulos conquistados, papel secundário na formação de novos talentos, inexistência de Investigação & Desenvolvimento capaz de explorar novas tecnologias e aumentar receitas, e com estruturas que se auto-gratificam monetariamente independentemente da ausência de títulos, Porto e Sporting apontaram baterias para o fraco desempenho desportivo do SLB a nível internacional. A âncora desta campanha foi a miserável prestação na UCL (Uefa Champions League) do Glorioso na época 17/18, que ganhou consistência com as muito boas participações do FCP nessa época e na seguinte.


Em virtude dos maus resultados europeus do Glorioso nesse e noutros anos, tentou criar-se o seguinte pressuposto: ▶ Se FCP tem melhor desempenho na UCL, tem de ser campeão por decreto (caso contrário, vivemos no "Benfiquistão"). Extrapolando, pode assumir-se que: ▶ O campeão nacional no país tem de ser sempre a equipa (ou uma das equipas) que vai mais longe na competição europeia mais relevante (UCL).

Para tentar desmontar esta teoria bacoca, nada melhor que a frieza dos números.

Analisaram-se as últimas dez épocas (de 09/10 a 18/19) de participações na UCL das 10 melhores ligas no ranking UEFA (à data de Jan-2020). Indo ao encontro da análise tripeira na classificação de melhor equipa europeia, ignoraram-se os resultados na UEL (Uefa Europa League), considerando-se somente os da UCL.

Critério para melhor desempenho europeu: equipa(s) que avançam mais fases na UCL.

Conclusões gerais:

▶ Salvo algumas excepções, as equipas com melhor desempenho na UCL tendem a terminar o campeonato nos primeiros lugares das ligas nacionais;

▶ 79% das vezes, pelo menos uma das equipas com melhor desempenho europeu terminou no pódio do seu país; ▶ 54% dessas melhores equipas são campeãs; ▶ 37% dos campeões nacionais são destacadamente a equipa do país com melhor desempenho europeu (6x Shakhtar, 5x Bayern, 4x Ajax, Barcelona, PSG e Juventus; etc); ▶ Contrariando a teoria azul e branca, ser a equipa (ou uma das equipas) com melhor desempenho na UCL não é garantia do título nacional; ▶ 63% o campeão nacional não é destacadamente a melhor equipa europeia; ▶ 17% o campeão foi tão bom na UCL como pelo menos mais outra equipa do país; ▶ 46% o campeão nacional tem pior desempenho europeu que outra equipa do mesmo país, sendo que 28% dos campeões nacionais nem sequer participaram na UCL desse ano (exemplo: Benfica em 09/10 ou o Porto em 10/11); ▶ Em Portugal, em 5 dos últimos 10 anos a melhor equipa (ou melhores equipas) europeia não venceu o campeonato, com o Porto a vencer 2 desses campeonatos e o Benfica 3.

Como fica patente nos números, não é invulgar o campeão nacional não ser a equipa com melhor desempenho a nível europeu nessa época. Sucede mais frequentemente em países como Bélgica e Rússia (8x) ou Inglaterra (7x), em que não existe um clube hegemónico, mas também acontece nos países com clubes mais dominadores (Alemanha, Espanha, Ucrânia ou França). Em média, 1 a cada 2 campeonatos são vencidos por uma equipa que tem pior desempenho a nível europeu.

Gráfico 1 - #Épocas em que campeão nacional tem pior desempenho europeu que outra equipa do mesmo país

Não sendo fluente em OctávioMachadês, aponto alguns argumentos plausíveis para justificar um eventual sucesso nacional e insucesso europeu: ▶ priorização de competições (poupando jogadores na UCL; ou utilizando a UCL como montra para jogadores jovens); ▶ melhor numa competição não tem forçosamente de o ser nas restantes (caso contrário, o melhor na UCL ganharia Liga e taças do respectivo país, e vice-versa); ▶ sorteios desfavoráveis (pode ditar maiores dificuldades no trajecto europeu).

Para "matar" este argumento da aliança, esmiúcem-se os três campeonatos vencidos pelo Benfica em que não fomos a equipa nacional com melhor desempenho europeu:

09/10 - Quartos-Final da Europa League, vencendo um campeonato disputado contra o SCB, com FCP moribundo; 14/15 - 4º lugar na fase de grupos da UCL, fora das competições europeias em Dezembro. Total disponibilidade para o campeonato e com um aliado de peso em Lloropegui; 18/19 - Quartos-Final da Europa League depois de 3º lugar na fase de grupos. Priorização de jogos nacionais permitiu vitórias saborosas contra Tondelas e afins, mas uma amarga eliminação perante um Frankfurt acessível.

Por último, com campeonatos vencidos na última jornada (09/10 e 18/19), penúltima jornada (14/15); com campeonatos perdidos com 5 pontos de avanço no final da primeira volta (11/12), com 4 pontos de avanço com quatro jogos por disputar (12/13); com cúpula directiva da Liga e Federação claramente associada a outros clubes; "benfiquistinho" deveria ser o termo OctávioMachadêsiano utilizado pelos paineleiros na avaliação da influência benfiquista no futebol nacional.

▶ Texto enviado pelo benfiquista Francisco Angelino

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