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Sinais dos tempos

Tempos houve onde o SL Benfica era gozado. Mas gozado sem perdão. Foram tempos tenebrosos, aqueles que na segunda metade dos anos 90 do século passado, o SL Benfica era gozado, vilipendiado e muito, muito prejudicado naquilo que muitos reconhecem como sendo o "Vietname" do clube.


No entanto, no início do século, o povo benfiquista uniu-se e preferiu tirar um Presidente para colocar lá outro. Não porque era muito melhor, mas porque não seria pior do que o que lá estava, entretanto. E isso diz muito: escolher o menos mau para tentar "salvar" o clube de um buraco onde estava. Tal personagem foi eleita, escolheu os seus pares (que representavam na altura o sistema do futebol e com isso o bom e o mau para tal) e qual cooptação, 3 anos depois, eis que chega Luis Filipe Vieira ao maior de Portugal. Poderia chegar ao maior de Portugal, como aos outros dois grandes, uma vez que era sócio dos três.


E durante a primeira década do séc. XXI, o modus operandi foi ver qual a melhor forma de derrubar o sistema do qual fazia parte e que favorecia o principal rival mais a Norte. Em várias ocasiões, sempre fez questão de dizer que não percebia nada de futebol, mas fechava todos os negócios (os bons e os maus). E eis que em 2010, quase como uma metáfora Pascal, se descobre Jesus e o impacto foi imediato: goleadas atrás de goleadas, exibições de encher o olho, mas a vitória final só apareceu na última jornada.


O resto da história é conhecida até 2015. O paradigma estava mudado e passava pelo Seixal, onde a formação teria o papel principal para o assalto à Europa. No meio desta parafernália, o plantel ia sendo desmantelado sem as devidas compensações, porque ali junto à Quinta da Trindade estava a solução.


Puro engano, como qualquer principiante em histórias de formação de clubes sabe: existem sempre, mas sempre, épocas onde o talento (ou a maior parte dele) fica noutro lado que não o nosso. Podemos ter foras de série, mas não são todos e não os são em todas as posições.

Com a pouca qualidade individual que íamos tendo, o SL Benfica foi aguentando até chegar a época que poderia ser histórica: a do Penta. E aí, mantivemos a nossa lógica de funcionamento: o Seixal! Como se ali, junto ao Tejo estivesse uma mina de ouro desconhecida até então.

E o resto da história é igual. Num clube intervencionado pela UEFA por causa do Fair Play Financeiro, com os jogadores emprestados por essa Europa fora, o investimento na equipa foi o menor possível (para não falar na palavra duvidoso) que fez com que o Benfica perdesse uma oportunidade histórica para atingir o feito de um dos seus maiores rivais.


A última época foi mais do mesmo, onde o aparecimento de um João Félix e de um Bruno Lage em momento único da mesma fez com que uma recuperação histórica de 7 pontos de atraso virassem para mais um campeonato.


Final da época. Venda histórica pelos valores envolvidos e no sempre discurso vago da luta pela Europa e pelas “coisas bonitas”, os reforços da equipa foram os espetaculares Jhonder Cadiz, Caio Lucas e Raul de Tomás, para além do regresso de Chiquinho e da promoção do clã Tavares (Tomás, David e Nuno). Tiago Dantas nem aqueceu e continua na B, Gedson, Conti e Nuno Santos foram emprestados, Fejsa também, e Weigl chegou, mostrando que havia capacidade financeira para tal. Apenas Carlos Vinicius tem destoado.

Aplicar a mensagem e estratégia onde era fundamental ter um lateral direito de categoria (nem André Almeida nem Tomás Tavares a têm neste momento), um médio centro capaz de desequilibrar e um ou dois extremos que façam a diferença de qualidade necessária, não só para Portugal, mas também para a Europa.


A “ditadura economicista” que vigora atualmente no Benfica faz com que o paradigma tenha mudado substancialmente. Onde dantes havia qualidade e golos, que por si só traziam os adeptos de volta, agora temos fogo de artifício, fumos e likes no Facebook e Instagram.

E se a gestão financeira tem tido bons exemplos, é altura de olharmos e pegarmos na gestão desportiva e pensar no que queremos realmente, pensando que estamos em Portugal.

Queremos ser um Rosenborg, dominador no país e vergonha na Europa (com uma ou outra exceção) ou queremos mesmo ser um Ajax, que mistura a juventude com experiência adquirida?

Eu diria que temos de ser o Benfica. E o Benfica tem de se saber adaptar a estes novos tempos onde, olhando para o crescimento financeiro sustentado, tem de o rentabilizar ainda mais na performance desportiva, fazendo dessa o motor de desenvolvimento do clube.


É bom ter likes no Facebook e no Instagram? É! Mas mais importante é vencer dentro do campo, com qualidade e categoria, como o Benfica nos tem demonstrado em tempos recentes.

É importante olharmos e pensarmos que não é olhando para a marca com a ideia de se mudar o símbolo para agradar que se ganha. Ganha-se onde tem de se ganhar, que é no campo, ali com 11 do outro lado, mas com a esperança de que os nossos 11 tenham sempre mais qualidade do que os outros. E é isso que faz a diferença, mas acima de tudo, o sinal que o tempo precisa para se manter igual e ser digno da história do Sport Lisboa e Benfica, o Glorioso.


▶ Texto enviado pelo benfiquista João Silva


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