Aproveito este meu primeiro texto no „Benfica Independente“, para me apresentar com uma breve história, que nos remete à década de 1980.
No universo Benfiquista, sou uma espécie de bicho raro. À partida, todas e todos que visitam este site, deviam ser Benfiquistas desde nascença. O que não é o meu caso. Nasci na Alemanha, sem qualquer ligação com aquele paraíso plantado à beira mar, que se chama Portugal. Tive que esperar até aos meus vinte anos, para que o Glorioso entrasse na minha vida.
Na primavera de 1985, termino o colégio. Mas antes de partir para uma nova etapa na minha vida, vou de férias a Portugal. Os motivos, que me levam à orla ocidental da Europa são deveras pragmáticos. Os pais de um amigo meu vivem há alguns anos na Costa do Estoril. Umas semanas de sol e mar, sem custos de estadia, são perspetivas bem atrativas para um menino que não leva muitas notinhas no bolso. Apenas tenho que pagar o vôo, que na época anterior às companhias de „Low Cost“, custa qualquer coisa como mil marcos ou cem contos. Sempre é dinheiro.
Naquela época, Portugal ainda é um destino algo exótico para um jovem de Offenbach. Apenas um ano depois, o país torna-se membro da União Européia. À chegada no aeroporto da Portela, o meu passaporte ainda é carimbado.
Nos dias seguintes, trabalho um pouco nas praias da linha para o bronze e vou várias vezes de comboio para a grande capital. Chega o dia 10 de junho. Os portugueses festejam o seu feriado nacional, mas as lojas estão abertas na mesma. Um luxo desconhecido para um alemão, que aproveita a ocasião para fazer algumas compras num supermercado em Cascais. Enquanto empurro calmamente o meu carrinho de compras pela secção dos eletrodomésticos, os televisores mostram um jogo de futebol, aparentemente uma transmissão em directo. Paro e tento descobrir, quem é que está a jogar.
Uma das duas equipas joga de camisolas vermelhas e calções brancos, a outra veste camisolas listradas de azul e branco. Fica assim logo decidido, por quem vou torcer. Desde sempre sou adepto dos Offenbacher Kickers, que usam precisamente camisolas vermelhas e calções brancos.
Através de um rodapé fico a saber, que o Benfica joga frente ao FC Porto. O Benfica está a ganhar por 3:1, falta um quarto de hora para terminar. Só mais tarde irei descobrir, que estava a ver a final da Taça de Portugal no Estádio Nacional, a poucos quilómetros de distância. Decidido a ver o jogo até o fim, acendo um cigarro, pois nos supermercados portugueses naqueles tempos, ainda se pode fumar. Está-se bem, neste Portugal.
Um velho junta-se ao meu lado, para também assistir aos minutos finais. Pergunto-lhe em inglês quem é a equipa de vermelho. O velhote olha para mim com um ar desconfiado, pega no seu cigarro e responde apenas „Benfica“.
Pouco depois, soa o apito final e os jogadores do Benfica recebem uma impressionante taça de prata. Rapidamente acabo as minhas compras, pois ficou bastante mais tarde do que estava previsto.
Mas este Benfica, já não sai da minha cabeça. Não tenho a menor ideia sobre o futebol português, mas gostei da equipa. No início ainda bastante tímido, depois cada vez mais forte, cresce a minha paixão por este grande clube, que está tão longe de Offenbach.
Levará mais três longos anos, até que posso ver as Águias pela primeira vez num estádio, e outro ano passará, até poder visitar a nossa imponente Catedral. Mas nesta altura, já não havia nada a fazer: Sou Benfiquista.
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