A Assembleia Geral Extraordinária do Benfica realizada ontem, dia 21/09/2024, não foi apenas um evento onde se discutiram estatutos ou se tomaram decisões formais. Para quem lá esteve, foi uma mistura de momentos que variaram entre a inspiração e o desalento. No meio do tumulto e da desorganização, houve um episódio que se destacou, um momento de verdadeira grandeza benfiquista. Esse momento foi protagonizado por Mário Lopes, sócio n.º 2472, cujo discurso foi uma verdadeira lição de amor ao clube.
Quando Mário Lopes se levantou para falar, foi muito mais do que uma simples intervenção. Para todos os presentes, ele encarnou o espírito benfiquista na sua forma mais pura e genuína. Apesar das suas evidentes limitações físicas, não hesitou em dar a cara e, com a sua voz firme, mostrar o que é ser Benfica. Foi um momento que arrepiou todos no pavilhão, levando-nos, sem exceção, a uma ovação de pé. Eu próprio, desde o primeiro minuto, disse para mim mesmo: “Um dia, quero ser como o senhor Mário”.
Mas enquanto o senhor Mário mostrava o melhor do nosso clube, do outro lado assistíamos a uma Assembleia Geral marcada por falhas e por uma gestão pouco cuidadosa do processo de revisão estatutária. A maneira como esta revisão foi conduzida deixou muito a desejar, e momentos como a demissão intempestiva de Fernando Seara, presidente da Mesa da Assembleia Geral, apenas sublinham o quão atabalhoado foi todo este processo.
Fernando Seara deveria ter assegurado uma condução digna e organizada dos trabalhos, mas, em vez disso, permitiu que a assembleia se tornasse num espetáculo de confusão, onde o caos prevaleceu sobre a serenidade que deveria guiar um evento desta importância. Não se pode ignorar o impacto negativo que este tipo de gestão tem na imagem do clube e na confiança dos sócios.
E é aqui que penso novamente no senhor Mário Lopes. Ele, que se esforçou tanto para subir ao palco e partilhar o seu amor pelo Benfica, merecia um processo à altura desse amor. Merecia uma assembleia bem organizada, respeitosa e capaz de honrar os valores do nosso clube. Mas, ao contrário do exemplo dado por este sócio notável, as pessoas responsáveis pela condução deste processo não estiveram à altura das circunstâncias.
No entanto, quero acreditar que ainda há tempo para corrigir o rumo. O processo de revisão dos estatutos continua, e a minha esperança é que a sua continuação seja pautada pelo respeito e pela dignidade que o senhor Mário nos mostrou hoje. Que o clube possa, finalmente, honrar quem, como ele, representa a verdadeira alma benfiquista. Que a próxima fase deste processo reflita não apenas a grandeza do Benfica, mas também a de todos aqueles que, como o senhor Mário Lopes, nunca deixam de acreditar no nosso clube, independentemente das circunstâncias.
Porque ser Benfica é mais do que ganhar jogos ou aprovar estatutos. Ser Benfica é amar incondicionalmente, mesmo quando as coisas não correm como gostaríamos. E foi isso que o senhor Mário nos mostrou hoje: o verdadeiro Benfica está nos sócios, na sua paixão, na sua dedicação. Espero, sinceramente, que o Benfica consiga retribuir este amor da maneira que ele merece.
Vamos honrar o Senhor Mário?
▶ Texto enviado pelo benfiquista Bernardo Quialheiro
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