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A situação de Jota: Desrespeito ou culpa própria?

Desde já, este texto será escrito pondo de parte o rendimento dos jogadores nos treinos, pois é-me completamente alheio, mas não ignorando o rendimento dos jogadores nos jogos. Será uma análise total à situação do Jota.

João Filipe, mais conhecido por Jota, chegou ao Benfica com 8 anos. É benfiquista mais do que assumido e um dos dois únicos jogadores na história do clube a ser campeão em todos os escalões. Não é que este fator de ser benfiquista lhe deva dar a titularidade mas não é por acaso que há anos se pede o regresso do Bernardo Silva e não se pede do Daniel Wass, por exemplo. Teve o maior destaque no Euro sub-19 de 2018 ao levar Portugal ao título, sendo a par de Trincão o melhor marcador da competição e tendo lugar no melhor onze do torneio. Ponto final no seu percurso de formação, parece o percurso ideal que qualquer criança almeja e um futuro promissor é esperado. No entanto, até agora, essa chama de futuro promissor tem se vindo a apagar.

Deu o salto para a equipa principal em Janeiro da época transata e a única coisa necessária para um jovem de 19 anos é tempo de jogo. Era o que se pedia para o desenvolvimento do mesmo. Jogou um total de 103 minutos na época passada pela equipa principal. Esperava-se portanto mais tempo de jogo esta época, era o mínimo exigido.


Durante os primeiros meses, as más línguas diziam que não jogava porque não renovava contrato. Renovou contrato a 29 de Janeiro deste ano, uma renovação já há muito planeada mas que tardava em concretizar-se. O motivo do atraso era o tempo de jogo do próprio, a vontade do jogador em renovar era muita mas o pai não deixava, para bem do jogador. Até renovar realizou 520 minutos divididos por 17 jogos. Desde que renovou, realizou 35 minutos divididos por 4 jogos. Esta época, o Benfica fez 46 jogos oficiais. Nesses 46 jogos, Jota realizou uns míseros 555 minutos. Em 4140 minutos feitos pelo Benfica, Jota participou em apenas 555 minutos. O que dá uma média de cerca de 12 minutos por jogo. Quando Jota renovou, o presidente prometeu tanto ao pai como ao jogador que ia ter mais tempo de jogo.


O que aconteceu a esse tempo de jogo? Desde que renovou, o Benfica fez 13 jogos oficiais, 1170 minutos oficiais, e Jota participou em 35 minutos. Dá uma média de cerca de 3 minutos por jogo. Numa equipa com 4 vitórias nos últimos 13 jogos, Jota, que se destaca pela sua criatividade e imprevisibilidade, não é opção numa equipa com défice claro das mesmas características.

É pelos poucos minutos em campo que não consigo julgar totalmente as suas ações no relvado. Gosto muito do que faz em campo pois é dos poucos criativos que temos no plantel e não se resume a jogar para trás e a esconder-se do jogo. No entanto, joga tão pouco tempo que sinto que é capaz de demonstrar muito mais se tiver em campo. É essa a expressão-chave, "em campo". Para analisar o seu tempo em campo, escolhi dois jogadores para comparar com o Jota. Caio Lucas e Francisco Trincão.


O primeiro, brasileiro de 25 anos contratado no verão a custo zero ao Al Ain para a mesma posição de Jota. Os adeptos perceberam logo na pré-época que era um erro de casting e um brinca na areia, pouco objetivo mas Bruno Lage tardou em perceber. Pequeno aparte, apenas agora referi o nome de Bruno Lage pois vou evitando, para ser sincero, não tenho a certeza que seja Bruno Lage a fazer a equipa. Até Janeiro, Caio Lucas teve 318 minutos oficiais. Jota teve 475 minutos. Ponham-se no lugar de quem faz a equipa: Preferiam dar tempo de jogo um jogador de 25 anos que como sénior, jogou no Chiba Kokusai, no Kashima Antlers e no Al Ain ou um jogador de 19 anos que fez a formação toda no Benfica, considerado uma das maiores promessas do futebol Europeu e melhor marcador do Euro Sub-19? Sou apologista de dar oportunidade a todos mas cedo se percebeu o valor de Caio e apenas tirou tempo de jogo a Jota.


O segundo, Francisco Trincão. É da geração de 1999 tal como o Jota, foi também o melhor marcador do Euro sub-19 e sempre foi visto como jovem promissor. Conta com 1933 minutos esta época. A diferença entre ele e Jota? O tempo de jogo. Há que diferenciar 2 fases de Trincão: A fase Sá Pinto e a fase Rúben Amorim. Com Sá Pinto a treinador, Trincão acumulou 520 minutos em 23 jogos e pouco ou nada fez em campo. Com Rúben Amorim, que assumiu o cargo de treinador entre o ínicio de Janeiro e o ínicio de Março, Trincão acumulou 798 minutos em 13 jogos e foi eleito o melhor jogador da Liga em Janeiro, o que fez com que o Barcelona avançasse para a contratação dele por 30 milhões para a próxima época. Há uma diferença clara entre o Trincão de Sá Pinto e o Trincão de Rúben Amorim. Agora é Custódio que está no comando do Braga e Trincão já se afirmou como o melhor jogador do Braga, graças ao trabalho de Rúben Amorim e a aposta em Trincão.

Junto à equação como aparte Zivkovic. Depois de 2 anos "em que desistiu do lugar" e de jogar pelo Benfica, palavras do treinador, volta aos convocados e passado uma semana entra aos 45' contra o Santa Clara, com o Benfica em desvantagem. O treinador escolheu um jogador que nada jogou no último ano e meio ao invés de Jota, que nem sequer entrou em campo, num jogo em que o Benfica precisava de dar a volta ao marcador.


Lanço a pergunta, é necessário haver uma mudança de treinador para Jota ser aposta? Talvez sim, talvez não, não sei a resposta. A verdade é que é estranho, um treinador que se destacou por apostar em João Félix, dizendo mesmo que foi a sua primeira decisão como treinador principal do Benfica, não ter a coragem de apostar no Jota.

Para concluir, é importante regressar ao título do texto. A palavra "desrespeito" deve-se à promessa quebrada, à falta de aposta, ao caso Zivkovic e à falta de respeito pelo caminho na formação que fez. A expressão "culpa própria" também lá está pois é como disse, não sou eu que treino os jogadores, Bruno Lage já disse mais do que uma vez que joga quem treina melhor e esse é um factor que não consigo analisar. Espero que Jota comece a ter tempo de jogo, para bem do jogador mas também do Benfica.


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