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Benfica, Eleições e Luta Livre

▶ Texto enviado pelo benfiquista Pedro Neto


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NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.

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Há pouco mais de 20 anos, no meu 10º aniversário, tive a sorte de receber das mãos do meu pai algo que não esperava absolutamente nada, um kit sócio do Benfica! Fiquei em êxtase, pois tínhamos acabado de ser campeões ao fim de 11 longos anos de jejum e eu já só pensava na possibilidade de podermos vir a ser bicampeões. No entanto, as coisas não correram bem assim e o que ficou mesmo dessa época foi uma Supertaça e a ida a Anfield onde eliminámos um Liverpool campeão europeu em título. A par do Benfica, havia um outro desporto que me chamava a atenção, e que em Portugal estava a ganhar notoriedade: a luta livre profissional.


Quem é da minha geração certamente se lembra de ligar a tv e ver os programas semanais onde as histórias se iam desenrolando estilo novela e onde dentro de um ringue víamos alguns tipos oleados a esgrimirem argumentos ao microfone e passados uns minutos estavam a trocar socos e pontapés, algo que, visto pelo prisma de um miúdo de 10 anos algo inocente, era incrível, mesmo mais tarde descobrindo que não era totalmente real. Mas algo que era real ali, a emoção que eu sentia a ver tudo aquilo a desenrolar-se, algo que, à altura, só tinha mesmo paralelismo com os jogos que eu via do Benfica. Dando aqui o exemplo: o John Cena a enfrentar o Shawn Michaels num combate iron-man de 1 hora e sair por cima estava ao mesmo nível emocional de termos vencido o Porto com um chutão do Laurent Robert. Ambos faziam-me acreditar e, meio bêbado de ilusão, achar que um dia poderia fazer algo parecido. Entretanto, os anos foram passando, desliguei-me da luta livre durante mais de 10 anos e o Benfica, felizmente, subiu o nível no que toca a vitória e títulos, mas, para lá da inocência de infância, senti que houve algo que se perdeu durante esse tempo.


O Benfica foi-se, gradualmente, tornando numa caricatura de si mesmo, um clube cada vez mais aburguesado, onde quem mexia as peças do tabuleiro o fazia de forma ardilosa, trazendo para o clube gente desaconselhável, nunca havendo total clareza sobre o porquê de algumas coisas acontecerem, mesmo quando confrontados pelos sócios, ao ponto de todo este contexto me fazer abdicar durante alguns anos de continuar como sócio do clube.


Isto leva-nos a 2020, tempos de pandemia (eu sei…) e onde a única coisa que estava a passar regularmente em termos de desporto era… o wrestling. Voltei a ver tão religiosamente como quando era miúdo, e pese embora faltar aos eventos o calor humano do público, sempre era algo que me permitia ocupar o tempo e entreter-me durante todo aquele contexto dantesco da altura. Ao mesmo tempo, começavam os primeiros movimentos para a assembleia eleitoral de 2020 (o equivalente à Wrestlemania na vida política do clube), e nisto surge um “ilustre desconhecido”: João Noronha Lopes. Tinha estado no cargo de vice-presidente durante o mandato de Manuel Vilarinho, apesar de durante um curto período, e foi, ao longo dos meses, e mesmo tendo em conta todas as limitações da altura, ganhando cada vez mais elan e reconhecimento por parte dos sócios, ao ponto de cada vez mais ser visto como uma opção válida para suceder a LF Vieira, mesmo partindo como “underdog” na corrida. A 28 de Outubro, quase 40000 sócios foram às urnas e, sob circunstâncias duvidosas, LF Vieira foi declarado vencedor. JNL, mesmo tendo isso em conta, concedeu a vitória ao seu oponente e seguiu com a sua vida, e LF Vieira ao fim de meses seria afastado da presidência do clube devido a motivos judiciais, e deixando o clube num vazio institucional, que veio a ser ocupado por Rui Costa.


Saltamos aqui para 2024, a pandemia já tinha ficado no passado, Rui Costa cumpria o seu 3º ano como presidente, tendo o Benfica sido campeão em 2023, e eu já de volta enquanto sócio, tendo agora até a sorte de ter RedPass para ir ao nosso estádio regularmente e continuando a acompanhar wrestling, sendo que o produto estava cada vez melhor a cada semana que passava. Estava em Filadélfia, cidade onde JNL fez um intercâmbio nos seus tempos de liceu, a cumprir um dos sonhos da minha vida: assistir ao vivo a uma Wrestlemania. Calhou ser em dia de derby, Sporting x Benfica, estando aqui em jogo um potencial bicampeonato a nosso favor. Infelizmente, como é apanágio do Benfica pós-1994, perdemos o jogo e demos ao Sporting um campeonato de borla. Mesmo não tendo assistido ao jogo, senti muita tristeza pelo momento e tentei ao máximo abstrair-me de forma a tirar proveito da experiência que tive a sorte de poder viver. Naquele fim-de-semana, no estádio dos Eagles (coincidências engraçadas) e com uma dimensão bastante semelhante à nossa catedral, eu e mais de 140 mil pessoas pudemos assistir a um evento maravilhoso, onde chorámos, rimos, cantámos e gritámos pelos nossos lutadores favoritos, pese embora o frio que se fez sentir naquelas noites. O destaque foi o main-event entre Cody Rhodes e Roman Reigns pelo título de pesos-pesados, sendo que era a reedição do main-event do ano anterior, onde Cody Rhodes, tal como João Noronha Lopes em 2020 no papel de candidato principal, perdeu sob circunstâncias duvidosas. No entanto, e tal como Cody Rhodes, João Noronha Lopes concedeu a vitória, mas não desistiu de lutar, voltando em 2025 a candidatar-se à presidência do clube. Assim como Cody, João aparenta estar mais sábio e bem mais ciente do que o espera no próximo dia 25, ao ponto de ter reunido à volta do seu projeto uma equipa de profissionais de créditos firmados nas suas áreas, e prontos para quaisquer circunstâncias duvidosas que possam surgir, sendo que desta vez o adversário é um “príncipe herdeiro” que, nos últimos 4 anos, desbaratou por completo toda a boa vontade dada por quem o elegeu, e mergulhou o clube numa crise desportiva, institucional e associativa cujas repercussões ainda se farão sentir no futuro (se bem que, ao contrário de Cody, João não teve de atirar 29 homens para fora de um ringue para ter direito à sua oportunidade de redenção).


Naquela noite fria de abril, assisti naquele estádio de Filadélfia, cidade onde João Noronha Lopes passou alguns dos melhores momentos da sua juventude, a um homem que enfrentou 17 anos de desafios, dor, agonia, lágrimas, trabalho e sacrifício a chegar ao topo da montanha, cumprindo assim o seu desígnio, e com 70000 pessoas, de todos os lados do planeta, a apoiá-lo durante todo aquele caminho e no final daquela contagem de 3 a gritarem de alegria por ele. Só espero que, naquela que se prevê ser uma noite chuvosa de outubro, ver João Noronha Lopes, naquelas que se preveem ser as eleições mais participadas da história centenária do Sport Lisboa e Benfica (e talvez até da história do futebol mundial) no mesmo papel de Cody Rhodes, e com o apoio dos sócios do clube por todo o mundo, chegar ao cargo com o qual sonha e ambiciona, e que, tal como Cody esteve no final daquele incrível combate, de título nas mãos e rodeado de amigos e família, João Noronha Lopes, após a contagem dos milhares de votos, possa subir ao palanque do Pavilhão da Luz, juntamente com a sua equipa, amigos, família e apoiantes, no papel de 35º Presidente do Sport Lisboa e Benfica.

 
 
 

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