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O Special Challenge

▶ Texto enviado pelo benfiquista Rui Inácio


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NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.

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Faltam 3 dias para a grande festa da democracia benfiquista. Se o meu desejo se concretizar, o 26 de outubro (ou o 9 de novembro) será um dia de mudança nos destinos do clube do qual preciso para viver, de uma das paixões da minha vida: o Glorioso Sport Lisboa e Benfica. Por esta altura já a grande maioria dos sócios votantes terá tomado a decisão sobre o seu voto e aqueles que não o tenham feito têm ao seu dispor os programas e os panfletos dos diversos candidatos para consultar, bem como um debate que promete mais incendiar do que esclarecer o ambiente pré-eleitoral.


Contudo, enquanto lambo as feridas da derrota na Champions, assaltam-me pensamentos sobre os vários desafios que quem liderar a mudança necessária no nosso Benfica vai enfrentar assim que seja empossado enquanto 35.º Presidente do Sport Lisboa e Benfica. Creio que um dos desafios mais complexos vai ser o relativo à liderança técnica da equipa de futebol. Até agora todos os candidatos têm assumido que José Mourinho é o seu treinador. Considero que alguns o têm feito porque a imagem mediática do Special One é suficientemente forte para que qualquer afirmação em sentido contrário colocasse esse candidato com um problema quase intransponível na transmissão da sua mensagem e do seu programa para o clube, além de que nenhum candidato tem querido ser acusado de perturbar o rendimento da equipa.


Neste momento, já é claro para todos que assistimos a mais uma época preparada com muito glamour dos jatos privados, das contratações caras e sonantes mas em que faltou, claramente, foco, planeamento e a consciência de que, com o Mundial de clubes, as alterações (na estrutura, no banco e na equipa) tinham de ser antecipadas para antes do Mundial ou imediatamente após o mesmo. A estrutura elogiada desmoronou-se antes da época começar, o treinador que a elogiou e pediu apoio para a mesma foi despedido sem qualquer veleidade a seguir ao primeiro deslize (e que deslize…) e a equipa, passado com distinção o terrível mês de agosto, desfez-se rapidamente (ainda que seja melhor do que tem parecido mas longe das loas que porventura tecemos em agosto).


Entretanto, numa manobra com sensação a dejá vu de 2024/2025, Rui Costa, um fantasista com boa tomada de decisão com os pés e terrível timing de fato e gravata, decidiu levar a cabo o que queria ter feito na altura do despedimento de Schmidt e trouxe Mourinho como a superestrutura que iria disfarçar as imperfeições de 4 anos de um mandato repleto de decisões erradas e erráticas.


Esta terá sido a última decisão errada e errática tomada por Rui Costa ao leme da maior instituição desportiva nacional e de um gigante mundial adormecido, mas é o retrato fiel da desorientação que é a marca d’água do seu mandato. Contratar um treinador que, no final de outubro de 2025, depois de quase dois meses convívio com o plantel, assume que não confia em mais de 13/14 jogadores (2 deles a recuperar de longas lesões) é o pináculo das decisões pouco criteriosas, levianas e lesivas do interesse superior do Benfica que esta Direção tomou. Ouvir Mourinho dizer, na conferência de imprensa pós-jogo com o Newcastle, que as declarações enquanto treinador do Fenerbahce foram um dos seus típicos (e cada vez menos influentes) mind games não traz grande novidade, mas ouvi-lo dizer e cito “Depois, não fiz mais nenhuma modificação porque, pensando, pensando e pensando, não consegui convencer-me a mim próprio que alguma modificação pudesse melhorar a equipa” é ultrajante e permite perspetivar o que podemos esperar até à reabertura do mercado em janeiro. Em estilo soft, Mourinho rasgou o plantel, disse que os jogadores que estão no banco são figurantes e coloca um ónus muito grande sobre o 35.º Presidente do Benfica – depois de mais de 100 M€ despendidos em transferências está época, serão precisos mais 70 M€ em janeiro para ir buscar os cavalos de corrida que o Special One quer.


Dado que não acredito que qualquer que seja a lista vencedora das eleições, existam condições para, sem fazer perigar seriamente o futuro clube, investir (desenfreadamente) na equipa de futebol, algo que creio que só deve ser feito, com critério, em junho de 2026, tendo em conta os projetos desportivos apresentados pelos atuais candidatos, o 35.º Presidente terá de resolver rapidamente o special challenge – ou vive com a pressão constante do treinador, de forma direta ou velada, para trazer novos jogadores (enquanto não se preocupa, minimamente, em adaptar o estilo de jogo às características dos jogadores disponíveis e apostar em quem tem) ou toma a decisão de engordar a choruda conta de indemnizações de Mourinho e encontrar um treinador que melhor se adapte ao tipo de jogadores que formam, neste momento, o plantel. Eu apostaria claramente na 2ª opção, até porque não creio que José Mourinho esteja minimamente interessado em investir tempo em ajustar as suas ideias, o seu modelo, ao estilo de jogadores que o Benfica tem e que deveriam levar a que fosse privilegiado um modelo de posse de bola e maior capacidade associativa dos jogadores em lugar de um modelo baseado na pressão com expectativa de lançar transições em espaço aberto (onde apenas temos Lukebakio…).


Termino com um convite a todos os benfiquistas – sócios, adeptos, simpatizantes – todos aqueles que, como eu, precisam do Benfica para viver, que precisam desta paixão que nos emociona, que nos faz vibrar e desesperar, que precisam de ver nas 11 papoilas saltitantes os representantes de um amor maior entre os maiores – meus camaradas, após as eleições e concretizando-se “o dia inicial, inteiro e limpo” que muitos de nós anseiam, temos de pensar que estaremos perante um ano zero, em que mais importante do que ganhar pontualmente, é assegurar a reconstrução das bases necessárias para que o clube possa ganhar de forma mais consistente e sustentada. Também nos cabe dar condições para que esse ano zero possa ser um período curto de renovação profunda do nosso clube e em que todos, todos, todos temos um importante papel a desempenhar. Porque e pluribus unum! Viva o maior, viva o melhor, viva o Sport Lisboa e Benfica!

 
 
 

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