top of page
leaderboard.gif

Desabafos pós-clássico


Depois do jogo da Taça apeteceu-me escrever algo imediatamente, nem tanto sobre o jogo mas de uma forma mais geral. Mas não o fiz, porque não o queria fazer a quente. Mas passados estes dias vejo-me no meu maior drama enquanto benfiquista.

O drama é que se escrevesse logo a seguir ao jogo ou agora é exatamente igual. Porque não estava nada a quente. Porque esta equipa não me diz nada. Porque não tenho o mínimo gosto, a mínima tesão (desculpa desde já se ofende algum leitor mais sensível) para ver os jogos. Porque cada vez tenho menos vontade de continuar a ir religiosamente à Luz.

Perguntava o Bakero se os benfiquistas tinham vergonha durante o último episódio do BenficaFM. A minha resposta é não. Neste momento já nāo sinto vergonha, essa fase já passou. Neste momento, e para mal dos meus pecados, a vergonha imensa começa-se a tornar indiferença.

Nascido em 90, sou um filho do Vietname. Cresci com um Benfica em miséria. O primeiro jogo de que tenho memórias foi em Vigo. Vergonha enquanto benfiquista, infelizmente, foi mais abundante do que glória nos meus anos de vida. Mas esta corja de incompetentes está a fazer a chama imensa em mim apagar-se com o passar de cada jogo.

Nem quero falar muito no treinador. É claro para mim que sua lealdade e profissionalismo nunca foi para com o clube, era e é exclusivamente para com o seu monstruoso ego e para com o ex-presidente. Mais que treinador ultrapassado, parece-me um péssimo profissional e um ser humano completamente contra aquilo que são os valores do meu Benfica, do Benfica enorme que me foi narrado, do Benfica que eu vi resumo de 93/94, dos testemunhos que se ouvem de Toni, Shéu, Carlos Manuel entre tantos outros.

Quero falar do clube, dos seus valores, da sua destruição. De um clube que neste momento poucos sócios tem, tem de facto muitos clientes. De um bando de dirigentes incompetentes, cheios de frases feitas e que se preocupa apenas em manter o seu poder. Nós durante 30 anos permitimos isto. Continuamos a permitir. Ainda vamos a tempo de recuperar? Ainda vamos a tempo de ver o clube com que todos sonhamos ou estaremos limitados a uma empresa mal gerida que ganha ocasionalmente de forma casuística?

Para demonstrar o meu desespero e falta de esperança pelo menos no curto/médio prazo, apenas um único tópico de pensamento. A braçadeira.

Na maioria do tempo no Vietname, os capitães do Benfica foram João Vieira Pinto e Simão Sabrosa. As equipas eram péssimas, tínhamos jogadores absolutamente horríveis. Mas veja-se quem eram os capitães. Hoje, os capitães do Benfica são André Almeida e Pizzi. A mim, isto dá-me vontade de gritar, de chorar. Chegámos à humilhação suprema, para quem sabe quais eram os valores do Benfica, de ter Taarabt a capitão.

Neste momento, Otamendi é o único que eu considero próximo de ser um jogador à Benfica. Vejo-me obrigado portanto, e tristemente, a constatar que para mim no Vietname, mesmo assim, havia mais Benfica no plantel que atualmente. E isso assusta-me. E deixa-me agoniado. E desesperado.

Quinta temos outro jogo no Porto. Lamentavelmente não consigo dizer que espero que o Benfica ganhe. Gostava que ganhasse. Mas o que espero é que vá perder. Que seja mais do mesmo.

Dito tudo isto, gostava de estar plenamente errado em tudo isto e que ganhássemos tudo o que ainda temos em disputa este ano. Mas tal como dito antes, gostava apenas, infelizmente não é o que espero.

▶ Texto enviado pelo benfiquista João Santos.


Queres publicar um texto no nosso site? Envia por email ou pelo formulário do site.


NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.

bottom of page