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Uma cultura de exigência

Atualizado: 20 de jul. de 2020

Começa agora um novo ciclo. Ou será o início do caminho para um novo ciclo. No Benfica. E no futebol português (espero). E o fim de um ciclo de gente caduca e que está a mais.

Ao longo dos últimos meses batemos no fundo a todos os níveis. Não só a nível desportivo, com a mais inexplicável deriva que de me lembro como adepto do Benfica (porque nos idos anos 90 a deriva era uma constante, logo menos incompreensível pelo rumo errante que o clube tomou), mas também a nível de gestão, com o acumular de casos e suspeitas que terminam agora com a Benfica SAD e Estádio constituídas arguidas, assim como o seu Presidente e CEO.

Tudo isto é o espelho de uma completa inaptidão da dita estrutura. O chavão de que estamos 10 anos à frente dos rivais redonda agora numa piada. Para os rivais usarem contra nós e para nós próprios, enquanto amantes do maior clube do mundo, lamentarmos que sejam apregoadas ideias que o tempo teima em provar serem falsas e que nos expõem aos comentários jocosos dos demais.

Estamos de facto à frente vários anos na área do marketing e comercial. Nas infraestruturas state of the art de que dispomos. No Benfica Futebol Campus que é atualmente uma das melhores academias de futebol do mundo. Até na área financeira, onde uma análise rápida com olhos de leigo permite ver as diferenças entre o Glorioso e a concorrência nacional.

E é precisamente neste ponto que tudo de torna incompreensível. Com tamanha diferença em termos financeiros, não é possível aceitar que a dita estrutura seja completamente inapta em termos desportivos. Poderão os defensores da atual direção dizer que ganhamos 5 dos últimos 7 campeonatos. Poderei eu (e a maioria dos benfiquistas) dizer que perdemos dois dos últimos 3 contra o rival mais fraco da sua história recente.

Tem de chegar ao fim o Benfica comercial e mercantilista. Poderá ter sido necessário para criar o diferencial financeiro que temos hoje, mas o Benfica é um clube de futebol. Não uma qualquer empresa onde um qualquer gestor de topo, como Domingos Soares de Oliveira, pode focar toda uma estratégia na obtenção de lucro. Claro que isso terá sempre de ser uma premissa, mas nunca o único foco. Porque o sucesso de um clube de futebol mede-se pelo seu sucesso desportivo. Sucesso esse que, com uma gestão competente, irá resultar em fortalecimento financeiro. É como o caminhar de um ser humano. São duas pernas que andam lado a lado, e quando uma avança a outro segue-a.

Por todos estes motivos, é hora de mudar. Chega de incompetência. Chega de esquemas. Chega de comissões. Chega de ser incapaz a nível comunicacional. Chega de não conseguir quebrar a narrativa de quem nos ataca. Chega de apontar um caminho e mudar o rumo 10 dias depois. Diz-se uma coisa e o seu contrário se isso levar a votos e apoio popular. Tudo para salvar a pele. Porque o que está em causa para quem dirige o clube não é, nem nunca foi, o Benfica. É a sua promoção. A sua riqueza pessoal. Chega de lágrimas de crocodilo. Chega de elevar a bandeira dos fantasmas do passado. Chega de andar ao sabor do vento. Chega de Ventoinha.

Por um motivo somos únicos. Porque ao contrário de outros que nos são bem próximos, a nós não nos interessa refutar todas as críticas e suspeitas que pairam em torno da nossa realidade. Nós queremos sempre justiça. Queremos ganhar. Mas não de qualquer maneira. Não de forma ilícita. E se alguma vez isso aconteceu, exigimos que os responsáveis sejam punidos. Não pertencemos a nenhum cartel ao estilo sul-americano. Nem nos revemos em esquemas de máfias sicilianas e capangas bully.

Por uma cultura de exigência. É isso que tem de ser o nosso lema a partir de Outubro de 2020.

Exigir competência, dentro e fora dos relvados. Com uma gestão capaz de aliar o sucesso desportivo ao financeiro. De aliar a juventude de elite que formamos a jogadores de elite como tivemos Aimar, Saviola, Garay, Witsel, Di Maria, David Luiz, e tantos e tantos outros.

Exigir transparência. Com gente de fora do status quo do futebol e do Benfica dos notáveis. Porque o futebol não tem de ser um lugar podre. Não tem de ter esquemas. Não tem de ter jogos de bastidores nem comissões para todos meterem ao bolso. Chega de quintinhas do Mendes, do Vieira, do Domingos, do scouting e sei lá mais de quem, a ver se o jogador que vem é o que eles indicam para que venha o dinheiro extra de compensação. É hora de ganhar de forma séria e credível. Porque somos melhores e não porque entramos em esquemas para sermos melhores ou termos acesso aos melhores jogadores.

Exigir verdade. Com uma direção que averigue tudo o que foi a gestão do Benfica ao longo de quase duas décadas. Que perceba se as acusações e suspeitas levantadas foram reais ou vis. Porque se tiverem fundo de verdade, que recomecemos do distrital, se a isso fossemos obrigados. Mas nunca poderei aceitar, enquanto benfiquista, que o Benfica ganhe um título à la cartel do azeite.

Exigir respeito. Pondo fim à sujeira em que vive o futebol português, com gente caduca e sem nível. Chega de azeite a transbordar pelos poros. Chega de gente a ameaçar. Gente a condicionar. A melhor resposta a essa gentalha é derrotá-los dentro e fora dos relvados. É deixá-los do seu verdadeiro tamanho. Uma formiga ao pé de um elefante.

Exigir coragem. Pôr fim ao medo que gravita nas mentes de qualquer equipa do Benfica, seja em que modalidade for, quando entra na arena do rival. Acabar com essa cultura de inferioridade em termos competitivos. Somos o Benfica. O maior clube de Portugal. Não temos de recear nada nem ninguém. Temos de recorrer aos nossos símbolos, às nossas lendas. São esses que têm de fazer do Benfica o gigante que foi durante décadas. Mostrarem aos atuais jogadores de qualquer um dos plantéis de qualquer modalidade de que massa é feita uma águia. De que não nos amedrontamos nem rebaixamos perante ninguém. Somos e seremos superiores. Quando ganhamos ou quando não o conseguimos. O clube tem de ser feito dos Zé Augustos, dos Simões, dos Humbertos Coelhos, dos Tonis, dos Luisões, dos Nuno Gomes, dos Simão Sabrosas, etc.

Chegou a hora! Chegou a hora de tornar o Benfica imparável. Temos nas nossas mãos benfiquistas a hipótese de mudar o rumo da nossa história. E da história do futebol português. De colocar fim a um ciclo de 40 anos de futebol de suspeitas e inverdades. De pressões e máfias. E que o seja com rivais fortes, porque só com rivais fortes as nossas vitórias têm valor. Porque ganhar 10 anos seguidos porque não temos concorrência não terá, com toda a certeza o mesmo valor.

Aos que se perfilam a candidatar-se à presidência do Benfica, apenas um pedido: não lavem a roupa suja. Nem façam do Benfica uma guerra de poder. O que todos os benfiquistas queremos são ideias, vontade, coragem e uma cultura de exigência! Se acham que a única forma de chegar à liderança do clube é em atordoadas diárias a quem lá está, sem verter uma ideia no papel, então o vosso lugar é na política. Gente dessa dispensamos.

Por um novo Benfica! Com uma cultura de exigência!


▶ Texto enviado pelo benfiquista Alexandre Viegas.

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