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Uma renovação que "teima" em surgir


Neste período de "defeso pós-pandemia", o voleibol é a única modalidade em que ainda não houve novidades oficialmente anunciadas pelo clube. As coisas nas quais a imprensa já falou foi na possibilidade da secção abdicar da participação nas competições europeias na próxima época devido ao cortes causados pelo COVID-19 (algo para já desmentido por Domingos Almeida Lima), e da renovação de contrato do treinador Marcel Matz por mais três temporadas.


Quem me conhece, sabe que no que toca a entradas, saídas e renovações, eu só acredito quando vir o anúncio oficial. Portanto, só depois do mesmo aparecer é que me irei debruçar sobre o assunto.


Porém, não é essa renovação que me traz aqui, nem aquela a que me refiro no título. A renovação da qual quero falar é a renovação do plantel que se vai arrastando de ano para ano, porque há jogadores no plantel pelos quais os anos não passam. E ainda bem que é assim.


A média de idades do plantel principal de voleibol do Benfica 19/20 é de 30,53 anos. Se excluirmos os miúdos da formação que pouco ou nada têm jogado (Manuel Rodrigues, Kelton Tavares, Miguel Sinfrónio e João Simões), a média aumenta para 33 anos. Hugo Gaspar, André Lopes e Zelão têm 37 anos; Rapha e Théo Lopes têm 36 anos; e Nuno Pinheiro e Marc Honoré têm 35.


Antes de aprofundar mais este tema, quero ainda referir dois factos que são essenciais para este assunto:


Primeiro, o voleibol é provavelmente, o desporto colectivo com maior potencial de longevidade. Tendo em conta que se trata de uma modalidade que não envolve confronto físico, é uma modalidade com menor propensão a lesões - no voleibol, a maioria das lesões ocorrem em situações de impulsão - e onde um jogador tem mais possibilidades de jogar a alto nível aos 40 anos.


Segundo, mais do que nos outros desportos colectivos, no voleibol o entrosamento é fundamental, principalmente, o entrosamento entre o distribuidor e os atacantes. No caso do distribuidor em particular, este é a "torre de controlo" da equipa, sendo que quando existe alguma alteração no plantel nestes sectores, o processo de entrosamento leva bastante tempo a ser trabalhado e a funcionar em pleno; sem esquecer que cada atacante (seja oposto ou zona 4) tem sua forma de como gosta que lhe passem a bola, sendo que um distribuidor tem de saber olhar à sua volta e a avaliar o contexto de jogo de modo a tomar a melhor opção de passe.


Estes factores que referi fazem com que uma renovação no plantel tenha de ser um processo gradual e muito bem pensado.. E para além disso, nesta época que veria a ser cancelada, os nossos jogadores mais veteranos ainda não mostraram grandes sinais da idade.

Pelo contrário, após a chegada de Marcel Matz à equipa em 2018, alguns desses jogadores conseguiram ainda melhorar o seu desempenho em relação a épocas anteriores, mostrando que um jogador veterano também pode crescer e evoluir o seu jogo, desde que tenha o estímulo certo para tal.


No entanto, a questão da participação nas competições europeias ainda paira no ar, sendo que provavelmente, a permanência de alguns jogadores poderá depender disso, este verão poderá ser a melhor oportunidade para renovar a equipa, dependendo da decisão que for tomada em relação às competições europeias.


O problema é que quando falamos de um Hugo Gaspar ou de um André Lopes, falamos de dois talentos geracionais do voleibol nacional, sendo que actualmente, não existem jovens em Portugal cujo potencial não se compara ao que estes dois jogadores mostraram no tempo em que se deram a conhecer.


Infelizmente, o voleibol português escasseia em jovens talentos e no curto/médio prazo, a tendência é que esta situação piore, tendo em conta o nível de recrutamento básico no voleibol masculino, bem como a falta de visibilidade do voleibol jovem, sobretudo a nível do desporto escolar e do Gira Vólei (evento organizado pela FPV).


Em relação a esse assunto, o antigo líbero do Benfica e da selecção nacional Carlos Teixeira, no Benfica de Quarentena, já veio a mostrar a sua preocupação quanto ao futuro do voleibol masculino em Portugal. Para além disso, o seleccionador nacional e ex-treinador do Sporting Hugo Silva, escreveu recentemente um artigo n'A BOLA, onde indicou medidas necessárias para o crescimento da vertente masculina da modalidade



Apesar da escassez de jovens talentos, existem alguns jogadores no nosso campeonato, que eu acredito que possam ser apostas válidas no Benfica no curto/médio prazo. Para além dos casos de Filip Cveticanin e de Bernardo Martins, que já representaram o nosso clube, deixo aqui alguns jogadores nos quais acho que o Benfica poderia ficar de olho para o caso de uma eventual renovação e que podem ser potenciados por Marcel Matz:


=> Nuno Teixeira (21 anos) - central do VC Viana

=> Calaça (24 anos) - oposto do VC Viana

=> Miguel Cunha (22 anos) - ponta do VC Viana

=> José Belo (20 anos) - central do Castêlo da Maia

=> André Saliba (20 anos) - oposto do Sporting das Caldas

=> Erick Costa (22 anos) - ponta do Sporting das Caldas

=> Brett Rosenmeier (23 anos) - oposto do Vitória SC

=> José Pedro Pinto (22 anos) - oposto do Esmoriz GC

=> Dinis Leão (24 anos) - oposto do Académico de São Mamede

=> José Neves (23 anos) - distribuidor do AJ Fonte Bastardo

=> Bruno Cunha (22 anos) - oposto do SC Espinho


Voltando agora ao assunto da formação, volto a fazer referência aos miúdos que fazem parte do plantel principal. Kelton Tavares, Manuel Rodrigues, Miguel Sinfrónio e João Simões têm trabalhado sobre as ordens de Marcel Matz nestas duas temporadas. Mas apesar de aprendizagem que devem ter com esta experiência, apenas o líbero e o central têm tido algumas oportunidades para jogar, aqui e ali, em jogos de menor grau de dificuldade.


E a realidade é que por muito que o Dr Domingos Almeida Lima e o Professor Rui Lança apregoem a aposta na formação nas modalidades, estes jovens não têm capacidade para serem apostas válidas na equipa principal, pelo menos para já. Nas camadas jovens do Benfica, só na fase final dos campeonatos nacionais é que os nossos jovens têm competição, visto que do Rio Mondego para baixo, a competitividade no voleibol é praticamente inexistente. E isso faz com que os jovens do Benfica cheguem ao nível sénior com menos tarimba competitiva que os jovens que vão surgindo em clubes como o Esmoriz ou o Castêlo da Maia.


No entanto, também existe um facto que joga a favor do Benfica. No campeonato de voleibol, não existe nenhum regulamento que limite o número de atletas estrangeiros por clube. E tendo em conta que Marcel Matz é um profundo conhecedor do mercado brasileiro, essa também pode ser muito bem uma aposta a ser explorada quando chegar a hora dos nossos veteranos deram outros rumos às suas vidas.


Para terminar este artigo, quero deixar dois avisos, de modo a evitar más interpretações de quem venha a ler:

Primeiro, este artigo não é nenhuma crítica à gestão do plantel de voleibol do Benfica. Escrevo-o com o exclusivo intuito de promover o debate e a discussão entre os benfiquistas, sobre um assunto que entendo que devia e merecia ser abordado.

Segundo, com este artigo, não tenho quaisquer pretensões em afirmar que esta renovação deve ser feita de forma urgente. Nada disso! Tenho a maior confiança no Mister Marcel Matz, no Professor José Jardim e nos restantes responsáveis pelo voleibol do Benfica, que têm dado provas da sua competência e profissionalismo e que estando por dentro da situação de cada jogador, estou convicto que saberão o que fazer na construção do plantel nas épocas futuras.

Saudações Benfiquistas!


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