Nas próximas duas quintas-feiras, o sorteio definiu que o Benfica irá enfrentar o alemão Eintracht Frankfurt nas quartas de final da Liga Europa. As Águias estão longe de ter a tradição continental dos Encarnados mas isto está longe de significar que os portugueses terão facilidade para garantir a classificação.
Depois de perder o técnico Nico Kovac para o Bayern de Munique, além de vários jogadores-chave após o fim da última temporada que culminou com o título da Copa da Alemanha, a impressão que passava é que o Frankfurt teria uma temporada difícil tanto na Bundesliga, com expectativa até mesmo de briga contra o rebaixamento, como também já na fase de grupos da Liga Europa, em que os adversários incluíam Lazio e Olympique de Marseille. A derrota sonora por 5 a 0 para o Bayern de Munique na Supercopa da Alemanha e a eliminação precoce na Copa da Alemanha só ratificou essa perspectiva.
Mas o que se viu foi um cenário completamente diferente disso. Foram incríveis 6 vitórias em 6 jogos na primeira fase da Liga Europa e já no mata-mata, o time não tomou conhecimento de Shakhtar Donetsk e Inter de Milão. Na Bundesliga a campanha impressiona: Invicto em 2019 (8V, 4E), quarto colocado na tabela e o terceiro melhor ataque da competição com 56 gols, atrás apenas dos gigantes Bayern de Munique e Borussia Dortmund.
A grande verdade é que a equipe do técnico Adi Hutter se tornou mais letal, mais completa e principalmente mais versátil que aquela montada por Nico Kovac na temporada anterior. Se precisa se fechar jogando de uma maneira mais reativa apostando em um jogo de transição rápido, o Frankfurt assim faz. Se apostar mais na posse de bola for necessário contra um adversário mais fechado, também é de se esperar que a execução seja feita com qualidade.
É impossível falar de Eintracht Frankfurt sem partir do "Magisches Dreieck" - o triângulo mágico.
O francês Sebastien Haller é a principal engrenagem desse triângulo, já que com sua força consegue segurar a bola no ataque e dar sequencia a maioria das jogadas iniciadas através da ligação direta. Também tem qualidade no passe e pisa a área para concluir as jogadas. Assim já são 14 gols e 9 assistências na temporada. Anton Rebic voltou em grande forma depois da boa Copa do Mundo que fez pela Croácia e é o responsável por romper espaços e entrar em diagonal. Também tem qualidade nos chutes de média e longa distância. Por fim, o terceiro elemento é justamente um jogador do Benfica. Luka Jovic está emprestado pelos Encarnados ao Frankfurt e é um exímio finalizador. Não á toa o atacante sérvio é vice-artilheiro da Bundesliga com 17 gols.
Outra arma muito usada pelo Frankfurt é o jogo pelas pontas. Como joga com três zagueiros, os seus alas muitas vezes são a válvula de escape quando o jogo pelo centro está congestionado. Kostic pelo lado esquerdo e Da Costa pelo lado direito abusam da velocidade para acelerar e tentar levar a bola a um dos atacantes. Raramente optam por fazer cruzamentos longos e altos. Ao contrário, o cruzamento por baixo para quem vem de trás é bastante usado. Assim Haller, Rebic e Jovic recebem em boas condições de finalizar. Por fim, Rode e De Guzmán são bons volantes que atuam bem no jogo de transição e Hasebe é um zagueiro-central com qualidade com a bola no pé para sair jogando.
Por fim, não podemos subestimar a força da torcida do Frankfurt. Como a maioria dos times de tradição da Alemanha, os fãs incentivam sem parar. Basta ver a festa que fizeram em todos os jogos fora de casa pela Liga Europa. Mais de 13 mil torcedores invadiram Milão na fase anterior. O mesmo número é esperado em Lisboa, ainda que "apenas" pouco mais de 3 mil têm ingresso na mão. No jogo de volta, em Frankfurt, não vai ter jeito. Além dos 11 campo, os 50 mil fora dele serão um adversário a mais para o Benfica.
E qual a melhor maneira de derrota as Águias? Em primeiro lugar, é importante contar com zagueiros fortes capazes de enfrentar Haller nas divididas. Se o francês não conseguir dar sequência às jogadas, boa parte do poder ofensivo do Frankfurt se perde. Além de força, é importante ter velocidade e agilidade, para segurar as entradas em diagonal de Rebic e Jovic. Por fim, fechar as pontas também é essencial.
E como o Benfica deve atacar? Aí talvez esteja um ponto fraco do Frankfurt. Em primeiro lugar, os zagueiros não são exatamente velozes. É comum também que a linha de zaga e a primeira linha do meio de campo não estejam compactas, dando um espaço para o ataque adversário jogar na entrelinha. Isso acontece principalmente quando o Frankfurt joga com um jogo mais propositivo. Se os Encarnados conseguirem trocar passes rápidos e chegar com agilidade no terço final, isso pode ser um trunfo.
A grande verdade é que podemos esperar dois grandes jogos em um duelo que é difícil apontar um favorito. Quem chegar as semifinais, estará representando bem o seu país.
- Vitor Lederman Rawet -
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