Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Esqueçamos momentaneamente o passado e saibamos reconhecer que o novo treinador do Benfica é o melhor treinador português, e que com isto o Benfica vai sempre ganhar mais do que estava a ganhar. E sabendo que por muito que o neguemos, todos nós celebraremos estas vitórias, pois são do Sport Lisboa e Benfica. O símbolo e o manto que nos unem. Serão sempre as vitórias do Benfica, não do Luís, do Jorge ou do André. Serão as do Benfica. Tal como as derrotas.
Liguemos agora novamente o botão que nos relembra o passado. A vida é feita de ciclos, seja a nossa, seja a das empresas, seja a dos clubes, e é importante saber fechar esses ciclos. Em 2015 não me preocupava a saída de Jorge Jesus. Manifestava, isso sim, alguma preocupação com quem o viria a substituir. Mas a maré estava a encher na altura, era um bom momento! Aquele em que o mar salgado crescia e com o sal vinham títulos.
No entanto muito sucedeu, e naquele Benfica romântico que nós amamos e queremos ter, não faz sentido reabrir o ciclo que se fechou. E com calma, todos nós os fomos fechando, até porque tudo o que foi dito e feito, de ambas as partes, a isso obrigava. Mas quando todos nós devíamos fechar o ciclo, houve alguém que nunca o fez. E deixou sempre uma janela entreaberta, que aos poucos se foi encostando para se abrir a porta, de tal modo que acabou por ser recebido com um “Bem-vindo a casa”. Casa? Mas como assim, casa? E o maior problema que daqui advém é que quem abriu toda estas janelas e portas lidera um clube. O nosso clube, o nosso Benfica.
Sejamos sérios, com a atual liderança do Benfica, autoapregoada de estrutura 10 anos à frente, só um treinador funciona. É o único em quem conseguem confiar que alcançarão títulos. E numa fase em que o tal mar salgado começou a ter menos sal e a vazar, e se viam os títulos a regredir também, aquele que lidera o nosso clube agarrou-se à sua única tábua de salvação, ao sal dele, que na água, lhe permite boiar, antes que se afundasse de vez.
Mas a verdade é esta: estamos num ano atípico! Já vimos os improváveis campeões (não necessariamente apenas em Portugal), vivemos um confinamento, deixámos de nos abraçar, porque não transformarem um treinador em sal que permite boiar? Num presidente que sempre navegou ao sabor do mar, faz todo o sentido.
Compete-nos a nós, todos nós, Benfiquistas, avaliar a situação. O maior alvo das críticas, neste momento, nunca poderá ser o Jorge, o indesejado. Mas sim quem optou pelo único que conhece, como se de sal se tratasse, ou fosse a última coca cola do deserto. Compete-nos a nós Benfiquistas, mostrar que não queremos mais esta gestão presidencialista, esta direção que andou publicamente a insultar e processar quem agora recruta para lhes salvar a pele, nem esta autoproclamada estrutura que dizem que não, dão sugestões que não são ouvidas, mas que depois, sabe-se lá a troco de quê, aceitam negas ficando coniventes com todo o status quo.
Não dá mais! E a nós, Benfiquistas, chegou a nossa vez de dizer que não podemos esquecer o passado. O passado longínquo de preferência para sabermos que por muito que se desculpem ainda com Vale e Azevedo, antes de Vale e Azevedo houve um apoiante de LFV. E antes desse apoiante houve um Benfica magnânimo e um Benfica Europeu.
Compete-nos então, mesmo com um sapo do tamanho do mundo a ter de ser engolido, porque nós queremos sempre, mas mesmo sempre, ver o Benfica a GANHAR (e vai ganhar mais), tornar este ano de 2020 ainda mais atípico e ver cair nas urnas um presidente imbatível.
Vamos a isso, meu Benfica?
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
▶ Texto enviado pelo benfiquista Tiago Marques.
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