Com o retorno do técnico Jorge Jesus e com o investimento de cerca de 80 milhões de euros (R$ 499,5 milhões, pela cotação atual) para reforçar o elenco, a expectativa em torno do Benfica, para o ciclo 2020-2021, era naturalmente alta. Proporcional à responsabilidade do compromisso com o PAOK, válido pela terceira fase eliminatória da Liga dos Campeões da Europa.
O Maior de Portugal, que já tinha Odysseas Vlachodimos, Rúben Dias, Weigl, Rafa Silva e Carlos Vinícius entre os principais nomes do plantel, trouxe Luca Waldschmidt, Jan Vertonghen, Éverton "Cebolinha", Pedrinho, Gilberto e Darwin Núñez para qualificar sua delegação.
Contudo, mata-mata em jogo único, principalmente em início de temporada, reserva a qualquer clube um lugar no céu ou no inferno. Não existe meio termo.
Eliminação extremamente amarga
Infelizmente, aconteceu o pior na Tessalônica: a derrota por 2 a 1, além de ser moralmente terrível, rendeu aos cofres dos Encarnados um prejuízo de pelo menos 37,4 milhões de euros (R$ 233,5 milhões), segundo o jornal português "A Bola". O SLB não cobrirá o valor investido para a temporada nem se for conquistar a Liga Europa, pois a premiação para o campeão da segunda maior competição interclubes do Velho Continente é de R$ 19,6 milhões de euros (R$ 12,2 milhões).
O rendimento na primeira etapa do compromisso da terça-feira passada (15) foi positivo, com 70% de posse de bola e várias chances de abrir o placar. Porém, ainda não era satisfatório para o nível de exigência do torneio. Afinal, o gol que daria tranquilidade à equipe e a credenciaria à classificação não se concretizou.
Os mandantes apenas esperavam um erro dos visitantes para surpreendê-los. E, ao se aproveitar de falhas de posicionamento e de marcação do sistema defensivo das Águias no segundo tempo, o PAOK levou a melhor com gols de Giannoulis e Zivkovic, que "até ontem" vestia a águia ao peito e saiu sem deixar muitas saudades na nação encarnada. Rafa Silva ainda balançou as redes nos acréscimos, mas já era tarde demais. Os 45 minutos finais lembraram a pior fase do Benfica sob os comandos de Rui Vitória e Bruno Lage.
A partir daí, é possível formular vários questionamentos. Por que Darwin (a contratação mais cara da história do futebol português, com 24 milhões de euros, o equivalente a R$ 153,2 milhões!) e Waldschmidt, que chegaram para serem protagonistas, esquentaram o banco de reservas? Por que o artilheiro da temporada passada, Vinícius, ainda que ele possa ser vendido em um futuro próximo, não foi titular? Por que André Almeida e Haris Seferovic, contestados pela torcida há muito tempo, foram titulares no jogo mais importante da temporada? Quais foram os critérios do treinador? Por que ainda não chegaram laterais e um meia central para o time titular? Por que a diretoria não investiu como deveria na defesa, o setor mais preocupante da temporada passada?
Começar a temporada com muitos erros dentro de campo, aliados a uma eliminação vexatória na bagagem, é verdadeiramente preocupante. Será doloroso não ver, na fase de grupos da Champions, o clube que ostenta dois títulos e é o segundo com mais participações no maior certame entre clubes europeus.
Recuperação no Norte
Era hora de juntar os cacos. O jogo de sexta-feira (18), em Vila de Famalicão, no norte de Portugal, serviria para mostrar como o time lisboeta reagiu à eliminação na Liga dos Campeões e a que viria no campeonato nacional.
Sensação do futebol português na temporada passada, o Famalicão foi a campo com muitas caras novas e, consequentemente, ainda necessitava de entrosamento. O Benfica, então, tirou proveito dessa condição dos oponentes, confirmou o favoritismo no encontro e descontou os gols que havia perdido na Grécia. Com a sonora goleada de 5 a 1, largou na frente dos concorrentes na Primeira Liga. Do '8', as Águias voaram para o '80'.
Melhor do que o resultado foi a exibição. Sobretudo, dos reforços Luca Waldschmidt (foto), Darwin Núñez e Éverton "Cebolinha", que mostraram a capacidade de elevar o nível do plantel. Viram só? Waldschmidt e Darwin jogaram... E o alemão anotou dois gols! "Cebolinha", Grimaldo e Rafa Silva completaram o triunfo.
É necessário responder com vitórias e com títulos o humilhante desfecho da temporada passada. A eliminação precoce na principal competição europeia foi um péssimo começo e deixou a maior torcida da Terrinha com uma enorme pulga atrás da orelha, mas é possível sorrir no final deste ciclo. O destino nos dirá se os jogadores lidarão da melhor forma com tamanha pressão – e, também, se as falhas de 2019-2020 e o revés para o PAOK pesarão na eleição presidencial, que está marcada para outubro e definirá a gestão do Sport Lisboa e Benfica para os próximos quatro anos.
Fotos: David Martins/SL Benfica, Isabel Cutileiro/SL Benfica e David Martins/SL Benfica
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