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Liberdade

- Avô, o que é o 25 de abril? - Meu querido, é o melhor de todos os golos. É a jogada que passa por todos os jogadores e acaba com a bola no ângulo. É a vitória da equipa pequena contra a grande. É a celebração depois de uma batalha que parecia não ter fim depois de longos 48 anos. E acredita que 48 anos são demasiados jogos perdidos. O 25 de abril é a liberdade. - Liberdade como jogarmos à bola com os amigos até ser noite? - Imagina um campo de bola preso bem no meio dos prédios. Apertado, exíguo, confinado. Imagina os muros feios, as janelas frágeis, uns vizinhos odiosos que não te deixam gritar golo ou celebrar uma finta. E depois imagina que te ficam com a bola. Um dia, no outro e no dia seguinte. Imagina que os teus amigos vão desaparecendo, que são proibidos de ir ter contigo porque um dos vizinhos viu-vos a jogar e avisou os pais. Imagina que os teus amigos deixam de jogar porque vão para longe, para terras longínquas andar à bulha com outros meninos que não têm culpa. Imagina que vais perdendo amigos, que vais perdendo a alegria de jogar. Imagina que até vais perdendo o desejo de imaginar algo diferente. Era isto que vivíamos até ao 25 de abril. - O 25 de abril é... - É a liberdade de um campo sem linhas. É o jogo desenhado com balizas feitas de mochilas, onde todos é que decidem os limites. É bola de rua sem tempo definido. É o jogo de todos: dos velhos e dos novos, dos gordos e dos magros, dos altos e dos baixos. Se não houver bola, venha a lata, se não houver lata venha outra coisa. Porque na liberdade somos todos crianças. Somos todos livres e com tanto por aprender. Liberdade é jogar contigo até me doerem as pernas. - Ai é? Então podemos ir jogar, avô?



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