Esta frase não é de Eduardo Galeano, Jorge Valdano ou de Nelson Rodrigues. Nem sequer de Albert Camus ou Nick Hornby, esta frase é um quente domingo de bola em família e foi proferida por Roger Schmidt à chegada a Lisboa.
Uns dirão que a frase foi preparada pelo departamento de comunicação do clube e que, brevemente, teremos material de merchandising para todos os gostos, outros dirão que Roger é o seu próprio diretor de comunicação e sabe como conquistar os adeptos desde o primeiro apito, outros não dizem nada e apreciam cada palavra como se fosse uma triangulação rumo ao golo.
O Sport Lisboa e Benfica é uma palavra composta, complexa e condensada. Composta por três palavras que têm em si uma história tão longa como o sofrimento que advém de manter unido este clube quanto as possibilidades não jogavam a nosso favor; complexa por ser o clube mais exigente para consigo mesmo, mesmo quando não parece; condensada porque encarna em si os sonhos de todos os benfiquistas e resume-os a apenas um grito: Benfica.
Sei que uns tiveram o privilégio de quase nascer no Estádio da Luz, levados pela mão dos seus pais; outros era pobres petizes que entraram acompanhados por uma alma caridosa disposta a oferecer um pouco de benfiquismo; mas também temos os que descobriram o clube com os seus amigos, já a carteira ajudava; e, claro, temos aqueles que nunca tendo visto o clube ao vivo sabem tudo sobre ele e vivem-no 24/7, qual loja de conveniência onde só se vende amor incondicional. O Benfica é tudo isto e isso é tão bom.
Ser Benfiquista é ter na alma a chama imensa e é acreditar que a pessoa que está ao nosso lado sente o mesmo, que é mais um como nós, que faz parte dessa palavra composta, complexa e condensada que é o Benfica.
Roger Schmidt é treinador de futebol, parece até que é um bom treinador de futebol, sendo que só o tempo o dirá. O tempo é uma coisa tramada, é algo que ultrapassa em muito a física, sobretudo quando falamos do tempo benfiquista. O tempo, essa grandeza física, para quando a bola sai do pé da nossa avançada, da mão do nosso poste ou do stick do nosso guarda-redes. O tempo para quando nos lembramos dos festejos do nosso último título ou do sofrimento da última derrota. O tempo para quando o hino é cantado a plenos pulmões por todos nós. O tempo para quando um novo treinador, jogador ou dirigente diz algo que nos fala ao coração, porque o futebol será sempre um jogo de emoções.
“Se amas o futebol, amas o Benfica” parece só uma frase bonita, mas num mundo de falsos milhões, de polémicas vãs e de comunicação pro forma, uma tirada como esta enche o coração. E eu tinha tantas saudades de ter o coração acelerado, qual avançado rumo à área, a pensar que não há coisa mais bonita do que vibrar com as papoilas saltitantes.
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