O jogo de ontem foi o primeiro da era Lage onde ficaram a nu algumas das fragilidades que, mais tarde ou mais cedo, se fariam inevitavelmente notar num plantel jovem e, aqui e acolá, curto — mas já lá vamos.
A recente aposta nos jovens made in Seixal — e a resposta cabal que os putos têm dado — é um motivo de orgulho para todos os benfiquistas e um dos motivos que levou ao reacender da paixão entre adeptos e equipa, que tão fria estava com o anterior responsável por escalonar a equipa (chamar-lhe treinador parece-me manifestamente exagerado).
Todavia esta aposta traz consigo riscos evidentes. Ponto prévio: eu aceito esses riscos, embora continue a considerar que é vital existir uma base sólida de jogadores feitos, com tarimba e qualidade acima de qualquer suspeita para enquadrar e permitir o crescimento dos jovens talentos.
É evidente que, com o acumular de jogos, se faça notar alguma inexperiência, erros e desgaste, face ao que tem sido um calendário de exigência máxima. Ontem vimos algumas falhas de concentração e critério nos mais novos, mas também vimos — e isso é bem mais preocupante —
jogadores como Krovinovic ou Cervi a um nível confrangedor. Se para o primeiro eu acredito que a falta de ritmo ainda se faça sentir, para o segundo já me faltam adjectivos.
O argentino nunca foi um jogador que me enchesse as medidas, embora a certa altura tenha estado a bom nível (na época passada). Sempre me pareceu um futebolista que corre muito, faz muitos carrinhos, mas em termos práticos nada acrescenta. Está numa fase em que falha praticamente TODAS as intervenções que tem no jogo, e urge dar espaço a outros intervenientes. Correr muito nos treinos não pode justificar tudo.
Sobre o plantel dizer o óbvio: é evidente que o desgaste traria consigo lesões musculares, essa tem sido a nossa sina nos últimos anos. O que não é tão evidente é a (tal) estrutura ter achado razoável atacar a fase decisiva da época com tão parcos recursos em algumas posições.
Caso a lesão de Seferovic seja complicada, e face à débil condição física do Rei Jonas, sobra quem? Se Grimaldo claudicar, Yuri dá garantias?
Creio que a Lage não foram dadas as condições que outros tiveram (e até esbanjaram). A competência até aqui demonstrada pelo treinador setubalense tem mostrado que o mais importante é o funcionamento do colectivo, mas se começarem a escassear as individualidades podemos pagar um preço elevado.
Em suma, esta é uma equipa (e incluo o treinador) nos seus ‘teens’. Entusiasma e tem tudo para ser grande, mas aqui e acolá vai ter dores de crescimento. A nós, adeptos, cumpre-nos estar lá para lhes dar a mão, jogo a jogo. Coisas boas estão para vir.
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