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Os mitos de um perfil de líder



Após o anúncio da sua candidatura à presidência do Sport Lisboa e Benfica, João Noronha Lopes ganhou o apoio e a simpatia de muitos benfiquistas, o que gerou um sentimento de entusiasmo e de esperança nas redes sociais.


Da minha parte, também posso afirmar que me revejo em muito do que João Noronha Lopes proclamou durante o seu discurso. Vejo-o como alguém com postura e com uma visão daquilo que quer para o Benfica. E mais importante que isso, vejo-o como alguém que quer estar presente na vida do Benfica por amor, querer e dedicação ao clube; e não porque quer usar o Benfica para se sustentar e ganhar protagonismo.


Porém, apesar de assumir aqui que Noronha Lopes ganhou a minha simpatia, estes meses a anteceder as eleições têm me ensinado a ser prudente e ponderado quanto às listas que irão a votos. Por isso, quero aguardar pelas ideias e projectos que Noronha Lopes tem para o Benfica, bem como pelas pessoas que irão integrar a sua lista; até porque para além do mais, ainda há mais uma lista que está por dar a cara.


Mas não é este assunto que me traz aqui hoje. O que me traz aqui de volta ao fórum, é que este anúncio fez com que se levantassem muitas opiniões sobre aquilo que um presidente de um clube como o Benfica deve ter. Tenho me debruçado muito sobre esse assunto e verifico que algumas opiniões são autênticos mitos e mencionam requisitos que são sobrevalorizados. Por isso, senti a necessidade de "usar" esta candidatura para vir esclarecer alguns factores sobre aquilo que é sob o meu ponto de vista, o perfil indicado para ser presidente do Sport Lisboa e Benfica.


Começando por falar um pouco da carreira profissional de João Noronha Lopes, este entrou para a McDonalds em 2000. Na altura tinha 34 anos de idade, ou seja, estava na flor da idade para subir na carreira. Foi por esse mesmo motivo, que o seu percurso no Benfica foi curto e porque o próprio entendia que, para servir o Benfica na sua plenitude, teria de estar dedicado exclusivamente ao clube.


Hoje, passados 20 anos, tem a carreira feita, um currículo de excelência e uma vida financeiramente estável; o que significa que ele se aventurou nesta candidatura pela sua livre e espontânea vontade, bem como pelo seu desejo em reencaminhar o Benfica para onde merece. Da mesma forma que se não quisesse estar onde está, facilmente arranjaria outro trabalho, visto que o seu curriculum vitae deve abrir-lhe muitas portas.


Ao longo do seu percurso na representação de uma das maiores marcas da história, João Noronha Lopes começou por ser Director de Franchising e Jurídico para o sul da Europa, tornando-se depois CEO da empresa em Portugal, presidente para o sul da Europa, membro da Comissão Executiva e vice-presidente da McDonald's Europa, deixando a empresa e regressando a Portugal em 2017. Chegaria ainda a ocupar o cardo de Worldwide Chief Franchising Officer e a ser condecorado com o prémio de Best International Leader Award 2013.


Ora, uma das coisas que me fez mais confusão e que não consigo compreender, é como é que há benfiquistas que dizem que Noronha Lopes não tem perfil de líder, quando este conseguiu subir a pulso na sua carreira, ao serviço de uma das multinacionais mais reputadas internacionalmente.


Para ter sido promovido várias vezes e ter coordenado diferentes sectores, João Noronha Lopes teve de mostrar qualidades como competência, liderança e compromisso nas mais diversas áreas, tais como o franchising, marketing, abastecimento, logística, etc.


Outro dos comentários que mais tenho ouvido é que o seu currículo não faz com que ele perceba de futebol. E neste caso, quem pensa assim pode muito bem ter razão. Não estou aqui para contrariar quem pensa dessa forma. Mas será que já pararam para pensar se ser um expert em futebol será mesmo o mais importante num presidente?


Não é por acaso que uma lista eleitoral não se resume apenas ao presidente. Há vice-presidentes, há Mesa da Assembleia Geral, há Conselho Fiscal... No Departamento de futebol há o Director Desportivo, o Coordenador das Camadas Jovens, há o Chief Scout, etc. Como diz o ditado, cada macaco no seu galho e numa estrutura profissional é preciso ter as pessoas nos sítios certos.



O facto de João Noronha Lopes se ter tornado num dos maiores representantes da McDonalds na Europa é um sinal de que deu provas da sua competência e capacidade de liderança. E é verdade que gerir uma instituição desportiva não é a mesma coisa que gerir uma empresa de fast food. E é por isso que, caso se venha a tornar presidente do Benfica, aquele que será provavelmente o seu maior desafio, será conciliar a vertente desportiva com a vertente empresarial. Vertente empresarial essa que, nos dias hoje, faz parte da realidade do futebol mundial e que está directa e inevitavelmente ligada ao desempenho desportivo.


Moral da história:

Um candidato à presidência do Benfica, chame-se ele João Noronha Lopes, Rui Gomes da Silva ou Bruno Costa Carvalho, não precisa necessariamente de perceber realmente de futebol nem de conhecer os meandros do futebol. Precisa sim, de ter uma visão daquilo que quer para o Benfica e ter as capacidades de liderança necessárias, tanto para implementar a sua visão, como para se rodear das pessoas certas nas mais diversas áreas.






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