Escrevo isto não como uma crítica, mas como um aviso. Um aviso do que não fazer perante um cenário, cada vez mais provável, de mudança e que convém estar na mente de todos nós.

O que se exige, então, não é um lobo (que destrói por dentro) nem uma ovelha (que apenas agrada). O que se exige é um Cão Pastor!

O filho, pequeno, olhou-o com uma gravidade inesperada na sua idade. Não compreendia o peso das dívidas nem as engrenagens que consumiam o clube, mas sabia que aquele gesto representava um rompimento com algo maior do que ambos. Foi pedindo ao pai para que, ao menos, fosse pagando as suas quotas, sempre com a negação do seu progenitor.

Falta tempo, tanto tempo, até às eleições do nosso clube. Sei que parece que todo o tempo conta, mas não nos esqueçamos que já vamos com 20 anos de atraso e não são dias que vão fazer a diferença. Há urgência de mudar, claro, só que a prioridade deve ser discutir de uma forma informada e fundamentada e evitar feelings, crenças ou perceções.

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Neste momento, há quem já não consiga conversar sobre o Benfica sem discutir. Há quem já não queira debater o ponto A ou o ponto B, por receio de um simples debate de ideias vir a escalar para uma discussão mais acesa.

É desolador e constrangedor ver que o Benfica demorou dois anos a emitir comunicados que visam os constantes prejuízos desportivos de  que fomos alvos, mas que celeremente se apronta a comunicar sobre uma opinião de um Candidato à sua presidência, que fosse qual fosse tem direito a expor a sua opinião, e pela qual irá obter mais ou menos aprovação dos sócios quando for o momento da decisão.

Existe, por isso, uma franja de benfiquistas que acreditam que o clube não é assim tão grande, tampouco o maior. Não só pelos factos citados anteriormente, mas ainda porque o contexto económico e competitivo obriga a que um determinado conjunto de clubes cedam necessariamente os seus atletas mais valiosos a troco de uma mesma estabilidade que não é assunto entre o “patamar de elite” no futebol europeu (e mundial).

O Sport Lisboa e Benfica não é apenas um clube de futebol. O Benfica é um símbolo, uma paixão que une milhares de corações, um clube com uma história ímpar e de adeptos fiéis até ao tutano. Mas, ao longo dos últimos anos, o clube tem falhado em algo fundamental: ligar-se às pessoas!

Cresci com o meu pai a gritar os golos do Isaías - ídolo máximo do meu velhote - e com o antigo Estádio da Luz como fotografia colada no meu quarto da minha infância. O Benfica, nesse tempo, mesmo no seu Vietname, era vivido com amor e esperança. Mas hoje, com 38 anos, o que sinto é que me estão a empurrar para fora do meu grande amor.

O Benfica District não é megalómano - é visionário. É o passo necessário de um clube que, para competir no futebol europeu moderno, precisa de gerar 500 a 600 milhões de euros/ano de receitas, sob pena de se tornar irrelevante a médio prazo.

Quando um clube que falhou sucessivamente em reforçar uma equipa de futebol competitiva nos momentos decisivos decide apostar numa fachada LED para “melhorar o conforto dos espectadores”, é legítimo perguntar: quem é que está a gerir as prioridades aqui?